Durante briga em frente ao Centro Educacional São Francisco,
o CED Chicão, em São Sebastião, no Distrito Federal, na terça-feira (22/3), uma
jovem apontou arma para a cabeça de uma estudante. A confusão, registrada em
celulares, viralizou nas redes sociais.
É o terceiro caso de violência em colégios do DF em menos de
uma semana.
Nas gravações, filmadas em diferentes ângulos, é possível ver
o momento em que duas garotas iniciam uma discussão, enquanto pessoas gritam ao
redor. Logo em seguida, uma terceira pessoa saca uma arma da bolsa e aponta
para a cabeça de uma das alunas, que recua. Após a ameaça, a mulher armada
volta a guardar o objeto na bolsa.
Com a repercussão do vídeo, o Centro Educacional São
Francisco divulgou nota informando que a situação é “inadmissível”. No
documento, a instituição declarou que “estudantes, servidores e professores
estão se sentindo acuados diante do descaso com a comunidade escolar”.
Ainda segundo o texto, o Batalhão Escolar da região tem
reclamado “quanto ao efetivo disponível para toda a rede pública de ensino,
sendo insuficiente para acompanhar as escolas”.
A Secretaria de Educação foi acionada, mas não se manifestou
até a última atualização desta reportagem. O espaço segue aberto para
pronunciamentos.
Outros casos
O caso, no entanto, não é isolado. Na última sexta-feira
(18/3), um adolescente de 17 anos foi ferido com uma facada após briga entre
estudantes de escola pública do DF. O caso ocorreu dentro do Centro de Ensino
Médio 3, em Ceilândia. O rapaz chegou ao Hospital Regional de Ceilândia (HRC)
em estado grave, mas passou por cirurgia e segue estável, de acordo com
familiares.
Na ocasião, os PMs assistiram às imagens das câmeras de
segurança da instituição e identificaram os participantes da confusão. A equipe
foi a um abrigo na QNM 32 e encontrou um adolescente envolvido na tentativa de
homicídio. Ele portava maconha. A PMDF, porém, não detalhou qual seria o
envolvimento do garoto no crime.
Na manhã desta quarta-feira (23), uma adolescente de 14 anos
precisou ser socorrida ao hospital, após ser atacada por outro estudante no
Colégio Fundamental do Bosque, em São Sebastião. A garota teve ferimentos de
faca nas costas e no braço esquerdo. Ela foi conduzida pelo Corpo de Bombeiros
ao Hospital Regional do Paranoá.Segundo a PM, o autor é outro adolescente, de
15 anos, sem passagens pela polícia e que estava em uma sala separada. Ele foi
levado à Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA).
Confira a íntegra da nota do Centro Educacional São
Francisco:
“NOTA DE ESCLARECIMENTO
À comunidade escolar do CEd São Francisco e de São Sebastião
O ano de 2022 tem sido de muitas intercorrências para a
educação. Temos sofrido com a superlotação de escolas, falta de monitores e
educadores sociais, além de cortes de verbas fundamentais ao cotidiano para a
manutenção da escola e também ligados ao transporte escolar. Sabemos que, em
tempos de crise, são necessários alguns ajustes. Porém, é inadmissível o ponto
em que temos chegado no âmbito da educação.
Estudantes, servidores e professores estão se sentindo
acuados diante do descaso com a comunidade escolar do Ced São Francisco.
Precisamos urgentemente nos mobilizar como comunidade para que a educação não
perca para a violência instaurada em São Sebastião.A falta de recursos
materiais e humanos compactua para um ambiente insustentável de manutenção de
uma unidade escolar. Nossos jovens estão sofrendo com a falta de oportunidades
e os descasos com a educação, abrindo espaço para que a violência ocupe o
cotidiano da educação.
A principal medida tem sido estabelecer uma comunicação mais
efetiva com as forças policiais responsáveis pela área, além de ações que
envolvam o Batalhão Escolar. A parceria está sendo fundamental para coibir atos
criminosos na região, porém a devolutiva, sobretudo por parte do Batalhão
Escolar, tem sido de reclamação quanto ao efetivo disponível para toda a rede
pública de ensino, sendo insuficiente para acompanhar as escolas.
Sabemos que, em tempos de crise, como a que estamos vivendo,
tende a aumentar os casos de violências em seus diversos aspectos. E, portanto,
cabe às autoridades instauradas no momento darem uma devolutiva de ações que
possam ser tomadas para que minimamente desenvolvamos um trabalho em que possa
sobrevalecer [sic] a vida das pessoas.
A realidade instaurada nos causa medo e angústia, mas
clamamos que as forças do bem possam compactuar para uma realidade em que os
valores humanos criem relações e ambiente sustentáveis à vida. Essa nota é de
esclarecimento quantos às ações que, como unidade escolar, limitam-se a serem
pedagógicas, ou seja, cabendo trabalharmos aulas, projetos e palestras que
contribuam para o desenvolvimento moral, cidadão e humano de nossos estudantes.
Entretanto, para a segurança de todos e todas, as medidas devem ser mais duras
e incisivas – tanto por parte das forças de segurança quanto por parte da
Secretaria de Educação, que, urgentemente, precisa criar um ambiente de
trabalho viável às pessoas que fazem acontecer o trabalho diário nas unidades
escolares.
Direção escolar
Centro Educacional São Francisco”
Fonte: Metrópoles
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