O Ministério Público
Federal (MPF) entrou com uma ação de improbidade administrativa contra o
presidente Jair Bolsonaro (PL) e sua ex-secretária parlamentar Walderice Santos
da Conceição, a 'Wal do açaí', que foi empregada por mais de 15 anos em seu
gabinete na Câmara dos Deputados.
"As condutas dos requeridos e, em especial, a do
ex-deputado federal e atual presidente da República Jair Bolsonaro,
desvirtuaram-se demasiadamente do que se espera de um agente público. No
exercício de mandato parlamentar, não só traiu a confiança de seus eleitores,
como violou o decoro parlamentar, ao desviar verbas públicas destinadas a
remunerar o pessoal de apoio ao seu gabinete e à atividade parlamentar",
diz um trecho da ação.
Walderice foi indicada para o cargo de secretária parlamentar
de Bolsonaro em fevereiro de 2003. Ela ficou lotada no gabinete em Brasília até
agosto de 2018. A exoneração ocorreu em meio a suspeitas de irregularidades
reveladas pela Folha de S. Paulo.
A investigação do MPF aponta que 'Wal do açaí' nunca esteve
em Brasília e jamais exerceu qualquer função relacionada ao cargo de secretária
parlamentar. De acordo com os procuradores, os serviços prestados por ela
tinham 'natureza particular'.
"Em especial nos cuidados com a casa e com os cachorros
de Bolsonaro na Vila Histórica de Mambucaba. Além do mais, apesar de expressa
vedação, Walderice cuidava de uma loja de açaí na região", afirma o
Ministério Público.
Ainda segundo a ação, Bolsonaro 'tinha pleno conhecimento' de
que ela não prestava os serviços correspondentes ao cargo e 'atestou
falsamente' a frequência ao trabalho.
O processo também cita movimentação atípica nas contas
bancárias da ex-secretária parlamentar. Isso porque, segundo o MPF, 83,77% da
remuneração recebida no período era sacada em espécie.
Estadão Conteúdo
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