O preço da gasolina comum chegou a até R$ 8 em postos de
combustíveis de Natal no início da tarde desta quinta-feira (10), poucas horas
após a Petrobras anunciar um reajuste de 18,8% no valor cobrado pelo
combustível nas refinarias.
O aumento chegou ao consumidor antes mesmo de começar a valer
nas refinarias - o que vai acontecer a partir da manhã de sexta-feira (11).
Na última pesquisa semanal de preços da Agência Nacional do
Petróleo, do dia 5 de março, o preço médio encontrado na cidade era de R$ 6,85
- a diferença é de R$ 1,14 por litro, em relação ao novo valor.
No início da semana, os postos já tinham aumentado o preço
cobrado nas bombas para R$ 7,29 antes mesmo do anúncio da Petrobras.
Na tarde
desta quinta-feira (10), a maioria dos postos de combustíveis em Natal ainda
estavam cobrando o preço entre R$ 7,20 a R$ 7,29. No entanto, já foi possível
encontrar alguns que passaram a cobrar R$ 7,99.
Em nota, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de
Petróleo do RN (Sindipostos RN) lamentou o reajuste. "Sempre é bom
ressaltar que a entidade entende que, como todo varejista, para as revendas de
combustíveis o cenário será tanto melhor quanto mais acessíveis forem os
preços, algo que, infelizmente, temos visto ser uma realidade cada vez mais
distante no Brasil, em virtude de uma série de fatores pontuais e
estruturais".
Segundo o sindicato, os postos de combustíveis do RN têm
visto suas vendas "despencarem substancialmente, em função desses
sucessivos reajustes de preço". O sindicato disse ainda que espera medidas
na esfera federal para frear a escalada de preços dos combustíveis.
Motoristas reclamam do aumento
Muitos dos motoristas que abasteceram os veículos nesta
quinta em Natal já se mostravam insatisfeitos com o aumento no preço da
gasolina que ocorreu no início desta semana nos postos de combustíveis.
Os valores que estavam abaixo de R$ 6,90 na semana passada
passaram de R$ 7,20 nesta semana na maioria dos estabelecimentos.
E, com o reajuste anunciado pela Petrobras, alguns postos já
marcam quase R$ 8 e assustaram os clientes.
"Quando a gente chega no posto de combustível é pego de
surpresa com o preço na bomba. Eu costumo abastecer no fim de semana, quando
tem promoção, e estava de R$ 6,89 na semana retrasada. E agora estou vendo que
está a R$ 7,25, um aumento fora do comum", reclamou o motociclista
Heberton Silva de Souza.
"Estou recebendo essa notícia de que vai ter um outro
reajuste e a gente vai ter que fazer um sacrifício, tirar de onde não tem pra
poder abastecer. Tirar da feira, de algum outro pagamento que a gente tem que
sacrificar".
O motorista por aplicativo Danilo Araújo correu para
completar o tanque do veículo assim que viu a notícia do aumento.
"Já tem postos que estão com o preço de R$7, 99. E vai
subir acima de R$ 8. Aí já abasteci logo. Pra gente que roda em aplicativos
está difícil. Não tem aumento nas taxas e a gasolina está aumentando. É
trabalhar 10, 12 horas direto [para ter lucro]".
Para ele, uma opção pode ser o Gás Natural Veicular (GNV).
"Provavelmente a gente deve estar tentando passar para o gás natural
enquanto não aumenta. Mas deve estar aumentando também", avaliou.
Já o bugueiro Frederico Soriano abasteceu o veículo com
etanol nesta quinta, por avaliar que compensava mais. Apesar disso, acredita
que o valor também vá subir nos próximos dias.
"O álcool vem misturado também uma porcentagem de
gasolina. Com certeza vai aumentar. Quando vi a notícia, vim abastecer",
falou.
Ele, que trabalha com turismo, contou que esse aumento também
deve pesar para os turistas que realizarem os passeios. "Vai ter que
passar pro turista, pro consumidor. Aumentar os preços do passeio pra tirar a
diferença do combustível".
Anúncio
A partir desta sexta-feira (11), o preço médio de venda da
gasolina para as distribuidoras passará de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro, um
aumento de 18,8%. Para o diesel, o preço médio passará de R$ 3,61 para R$ 4,51
por litro, uma alta de 24,9%.
"Após 57 dias sem reajustes, a partir de 11/03/2022, a
Petrobras fará ajustes nos seus preços de venda de gasolina e diesel para as
distribuidoras", informou a estatal, em comunicado.
Gás de cozinha
Também teve aumento anunciado para o gás de cozinha. O preço
médio de venda do GLP da Petrobras para as distribuidoras foi reajustado em
16,1%, e passará de R$ 3,86 para R$ 4,48 por kg, equivalente a R$ 58,21 por
13kg.
O produto não era reajustado há 152 dias e custa atualmente
no país R$ 102,64 o botijão de 13 kg, em média, segundo pesquisa da Agência
Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Segundo o sindicato dos revendedores de gás do Rio Grande do
Norte, os empresários calculam que o novo reajuste vai significar um aumento de
cerca de R$ 12 no preço do botijão, mas os cálculos ainda estão sendo
finalizados.
"Além do preço do próprio gás, também teve o reajuste do
diesel, que encarece o frete, portanto aumento o reajuste ao consumidor",
diz o presidente do sindicato, Francisco Santos.
De acordo com ele, a entidade deve uma noção mais precisa do
valor final ao consumidor nesta sexta (11).
Petrobras
"Após serem observados preços em patamares
consistentemente elevados, tornou-se necessário que a Petrobras promova ajustes
nos seus preços de venda às distribuidoras para que o mercado brasileiro
continue sendo suprido, sem riscos de desabastecimento, pelos diferentes atores
responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras"::
distribuidores, importadores e outros produtores, além da Petrobras" ,
justificou a estatal, acrescentando que decidiu não repassar de imediato a
volatilidade decorrente da guerra na Ucrânia.
"Esses valores refletem parte da elevação dos patamares
internacionais de preços de petróleo, impactados pela oferta limitada frente a
demanda mundial por energia. Mantemos nosso monitoramento contínuo do mercado
nesse momento desafiador e de alta volatilidade", acrescentou a Petrobras.
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