Mais de 800 pessoas estão na fila de espera por transplante de algum órgão no Rio Grande do Norte, segundo divulgou nesta terça-feira (31) a Secretaria Estadual de Saúde Pública.
São 541 pessoas em lista à espera para transplante de córneas, 309 para rins, 20 para medula óssea e duas pessoas para coração.
“Fazer essa fila andar depende diretamente da doação de órgãos que, por sua vez, depende da aceitação e autorização dos familiares. Esse ato impacta não só na vida dos potiguares, mas de muitos brasileiros à espera por um transplante, já que podemos enviar os órgãos para outros estados, com a parceria da Força Aérea Brasileira (FAB)”, diz Rogéria Medeiros, coordenadora da Central Estadual de Transplantes do RN.
O Rio Grande do Norte faz captação de órgãos no Hospital Regional Tarcísio Maia, em Mossoró, e no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, em Natal.
Também já foi realizada captação no Hospital Regional Telecila Freitas Fontes, em Caicó, em 2021. As ações são organizadas pela Central de Transplantes do RN.
O estado realiza transplantes de córneas, rins, medula óssea e coração. Quanto aos transplantes de córneas, os procedimentos são realizados por meio de parcerias entre a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) e clínicas de oftalmologia, além do Hospital Universitário Onofre Lopes.
No que diz respeito ao transplante de coração, a Sesap tem como parceiro o Hospital Rio Grande, única unidade credenciada pelo Ministério da Saúde para fazer esse procedimento no estado.
EM 2022, foram realizados 133 transplantes de córneas, 160 de medula óssea, 2 de coração e 36 doações de múltiplos órgãos, segundo a Sesap. Ao todo, 116 famílias foram entrevistadas sobre a aceitação da doação de órgãos de seus parentes.
"Somos o 4º estado do Nordeste em doações, mas seguimos precisando de mais doadores. É importante cada um ter a consciência da importância de doar e comunicar esse desejo à sua família", destacou a coordenadora da Central de Transplantes do RN, Rogéria Medeiros.
Como ser um doador de órgãos
Segundo a Sesap, quem quer ser doador de órgãos deve expressar esse desejo em vida, aos familiares. Não é necessário nenhum documento oficial.
As famílias de possíveis doadores são assistidas por equipes especializadas que orientam como proceder para permitir a doação de órgãos.
“Quando acontece algum trauma, algum motivo que leve à morte encefálica do paciente, a equipe especializada do hospital vai procurar e conversar com a família sobre a possibilidade da doação de órgãos. Isso acontece quando o paciente já tem o diagnóstico médico de morte encefálica. Depois disso, a equipe entrevista a família sobre o desejo e a permissão de doar os órgãos do familiar. Em seguida, a família assina um documento, dando a permissão para que a doação aconteça”, explica Rogéria Medeiros.
Etapas do processo
Após 6 horas do diagnóstico médico de morte encefálica, outro médico avalia o paciente para confirmação da ocorrência.
A equipe realiza exame confirmatório, por meio de eletroencefalograma ou doppler transcraniano, a fim de confirmar a inexistência de atividade cerebral.
Após esse exame, é fechado o protocolo de morte encefálica, ou seja, o paciente faleceu.
Em seguida, é realizada uma entrevista com a família, para comunicar o diagnóstico e saber se é possível fazer a doação.
Uma equipe captadora, composta por cirurgiões, irá avaliar o paciente e realizar a captação dos órgãos.
Esses órgãos são encaminhados para o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), no qual são inseridos numa lista e no ranking para saber quem receberá os órgãos doados.
Segundo a Sesap, trata-se de um processo do qual participam três diferentes equipes de profissionais: a encarregada de realizar o diagnóstico de morte encefálica, a equipe de captação e a de transplante, o que garantiria a "imparcialidade" dos procedimentos.
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