O consumo de gás natural voltou a registrar expansão no Rio Grande do Norte em 2022, segundo dados da Companhia Potiguar de Gás (Potigás). O aumento foi de 20% no ano passado em comparação a 2021, mostrando uma tendência de retomada da curva de crescimento. No entanto, ainda não foi possível recuperar os patamares de consumo do pré-pandemia, quando a companhia atingiu 105.783.000 m³ distribuídos para todo o Rio Grande do Norte. No ano passado, o consumo alcançou 100.231.000 m³. Atualmente, são mais de 37.580 clientes na Potigás.
“Tivemos aumento em relação ao GNV em função da competitividade com a gasolina. Tivemos muitos aumentos e crescia nossa competitividade. Fizemos também a promoção do “Vai de Gás” com bônus de 1.000 que incentivou as conversões. No industrial, tivemos a ligação de mais três novas indústrias que se instalaram no RN e fizeram as ligações. Com a cogeração fizemos uma ligação nova que utiliza gás natural para fazer climatização de ambiente, um hospital de Natal”, comenta a diretora-presidente Marina Melo.
De acordo com dados oficiais da Potigás repassados a pedido da TRIBUNA DO NORTE, os segmentos que mais apresentaram crescimento em 2022 foram o Veicular, Comercial, Industrial e GNC (Gás Natural Canalizado). De acordo com informações da Potigás, os 100 milhões de m³ distribuídos em 2022 já representam uma recuperação com relação aos níveis de distribuição do pré-pandemia: em 2018 e 2019, respectivamente, foram distribuídos 116,016 milhões m³ e 105,783 milhões m³, respectivamente. Nos anos seguintes, as distribuições foram de 74.882.000 (2020) e 83.983.000 (2021).
“Foi uma tendência na época da pandemia, com o fechamento de alguns comércio e diminuição da economia e indústrias, com o segmento comercial diminuindo o consumo de gás. Em 2022, tivemos essa retomada no segmento industrial e comercial e esperamos agora em 2023 crescer 12%. Se conseguirmos, vamos superar essa meta”, aponta marina Melo.
Ainda segundo dados da Potigás, em 2022, na carteira de clientes da empresa, o volume do segmento industrial representou 33,76%, sendo 37 clientes. No segmento veicular, o volume representou 57,47%, sendo 52 clientes. No segmento de gás natural comprimido, o volume ficou em 1,04%, com um cliente.
No comercial, o volume representou 4,8%, com 852 clientes. No residencial, representou 2,75% do volume total, com 36.636 clientes. No segmento de cogeração, o volume representou 0,18%, com 2 clientes. “É sempre melhor usar o GNV. E aqui na Potigás, a maior fatia são de clientes GNV. Ligamos um posto em janeiro, nas Quintas, e vamos ligar outro posto nesse semestre aqui em Natal”, explica Marina Melo.
Empresas veem economia no uso do gás canalizado
Empresários de Natal e do Rio Grande do Norte têm investido cada vez mais no gás natural canalizado em seus empreendimentos. Fatores como economia, praticidade e segurança foram mencionados por empreendedores à TRIBUNA DO NORTE como primordiais na mudança do tradicional Gás Liquefeto de Petróleo (GLP) para o GNC.
Quem resolveu investir no gás canalizado recentemente foi o empresário Geraldo Rezende Junior, proprietário do restaurante Mina D'Água, com duas unidades em Natal. Segundo Geraldo, a economia atualmente já passa da casa dos 10%, mas o fator primordial para ele foi no tocante à praticidade.
“Não precisa ter aquele botijão gigante, não fico preocupado com reabastecimento. O gás é encanado. Eu usava 400kg de botijão de gás a cada 20 dias, no passado. O Gás natural é mais econômico que o convencional. Essa economia chega a atingir 10 a 12%. Esse valor faz a diferença no faturamento da empresa”, comenta. Ele tem um custo médio mensal de R$ 4,5 mil com gás. Caso fosse GLP, os gastos poderiam ultrapassar a casa dos R$ 5,7 mil.
Uma das empresas pioneiras nesse ponto no RN foi a fábrica da Ster Bom, fundada em 1991. Segundo o empresário Antônio Leite Jales, o gás natural é utilizado desde 1999 na fábrica em Parnamirim para produção das casquinhas, pasteurização de laticínios e também nas polpas de frutas.
“Eu paguei à época US$ 17 mil para fazer a instalação e a Potigás me repassou em m³. Fui o pioneiro aqui no RN. Em nenhum momento desanimei. Se tivesse recuado, a Sterbom não seria a segunda maior indústria de casquinhas do Brasil. E isso porque temos o gás natural que é mais em conta, mais prático”, comenta. O custo mensal, segundo ele, é de cerca de R$ 112 mil.
De acordo com a diretora-presidente da Potigás, Marina Melo, o preço do Gás Natural é regulado pela Agência Reguladora dos Serviços Públicos do RN (ARSEP-RN), diferentemente do GLP. A competitividade, segundo ela, atinge 30%.
“De uma forma geral, o gás natural é 30% mais competitivo que outros segmentos, como o GLP. Além da questão do preço, tem a praticidade: com o gás na sua residência, não há risco de você estar cozinhando e o gás acabar. São 24h por dia, com abastecimento seguro e economia de espaço e a segurança que o gás natural oferece”, acrescenta.
Potigás discute renovação de contrato com a Potiguar E&P
A Potigás já iniciou as tratativas para renovar o contrato com a empresa Potiguar E&P, subsidiária da empresa baiana Petrorecôncavo, que opera a Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) e fornece o produto para a companhia. A redução no valor da molécula chega a 35%, quantia repassada para o consumidor nas bombas. A Potigás vai lançar, ainda neste primeiro trimestre, uma segunda chamada pública para mais fornecimento de mais 40 mil m³.
De acordo com a diretora-presidente da Potigás, Marina Melo, a chamada pública com a Potiguar E&P inicialmente foi válida por dois anos, com prazo final para dezembro de 2024.
“Tivemos uma boa reunião na semana passada com a Potiguar E&P e conversamos sobre a possibilidade da renovação e eles nos deram a palavra de que vão continuar com o preço competitivo para o RN e com o volume que trabalhamos atualmente. Nosso volume diário é de 236 mil m³”, aponta.
A meta, segundo Marina, é manter os preços competitivos já praticados no Rio Grande do Norte. Segundo ela, os contratos feitos anteriormente com a Potiguar E&P foram celebrados antes da guerra da Ucrânia com a Rússia, o que não gerou impactos para os preços do GNV.
“Fechamos esse contrato antes da guerra e da pandemia. Depois disso, com essas questões, os contratos começaram a subir. Esse contrato é um dos mais baratos do país, então manter a competitividade é o que almejamos, manter o preço nesse patamar”, acrescenta Marina Melo.
NÚMEROS
R$ 4,24 - é o preço médio por m³ praticado no RN para Gás Natural Veicular, segundo dados da ANP
47 - é a quantidade de postos com GNV no RN
42% - é a taxa de competitividade do GNV em relação a gasolina no RN
503,69 km - é o tamanho da rede de dutos da Potigás no RN
37.580 - é o total de clientes na Potigás.
Dados de distribuição de gás na Potigás por segmento
2022
Industrial – 33.835.908
Veicular – 57.606.963
GNC – 1.040.974
Comercial – 4.813.091
Residencial – 2.756.684
Cogeração – 177.317
Total: 100.231.000
2021
Industrial – 30.500.929
Veicular – 46.090.101
GNC – 467.430
Comercial – 4.255.213
Residencial – 2.545.346
Cogeração – 33.910
Total: 83.983.000
2020
Industrial – 29.464.399
Comercial – 2.917.752
Cogeração – 25.792
Residencial – 2.361.326
GNC – 4.536
Veicular – 40.048.195
Total: 74.822.000
Total 2019 - 105.783.000
Total 2018 - 116.016.000
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