“Já temos outros elementos que estamos identificando e localizando todos esses integrantes para prendê-los de forma integrada com outros órgãos de segurança. Temos um número aproximado de sete nomes em liberdade obedecendo ordens do sistema prisional. Todos nós sabemos que essa rebelião aqui é em decorrência da rigidez do sistema, atuação da polícia como um todo, então de alguma forma eles estão se rebelando e praticando esses crimes aqui na rua. Estamos empenhados na busca e localização desses elementos para prendê-los”, aponta o delegado Luciano Augusto, diretor-adjunto da Divisão Especializada em Investigação e Combate ao Crime Organizado (Deicor).
Segundo o delegado, um dos líderes identificados foi José Wilson da Silva Filho, 29 anos, o “Argentino”, que segundo a Polícia Civil, estava escondido no bairro Paratibe, em João Pessoa. Ele era suspeito de fornecer armas, drogas e logística para lideranças da rua da facção potiguar, e já era monitorado pela polícia do RN há um ano. José Wilson era da comunidade Mãe Luiza, em Natal, e morou em Campina Grande por alguns meses. Ele estaria em João Pessoa há cerca de uma semana.
“Ele era foragido do estado da Paraíba. A participação dele era no sentido de fornecer a logística, empréstimo de armamento, dinheiro, organizar e recrutar pessoas para que os ataques acontecessem. Em nenhum momento identificamos ele aqui no RN, mas de forma remota ele passava as ordens para os ataques aqui”, disse.
Segundo informações da polícia paraibana, a investigação identificou o esconderijo do criminoso e armou uma operação para capturá-lo. Segundo a polícia, o homem foi cercado por equipes da Paraíba e do Rio Grande do Norte e reagiu à abordagem, atirando contra os policiais, que revidaram os disparos. Foi apreendido com ele uma pistola austríaca e um veículo que era utilizado para transportar armamentos para dar suporte aos membros da facção no Rio Grande do Norte.
“Essa investigação foi iniciada tão logo a Deicor tomou conhecimento dos ataques. Instauramos um inquérito para apurar crimes de organização criminosa e até crimes de terrorismo e a partir daí começamos a identificar autores que estariam planejando, financiando e praticando os crimes e fornecendo as logísticas para que esses ataques acontecessem”, explica.
Esse é o segundo nome publicizado pelas forças de segurança do RN responsáveis por coordenar e ordenar os ataques no Rio Grande do Norte. Na última terça-feira (14), José Kempes de Araújo foi transferido do Complexo de Alcaçuz para uma unidade do Sistema Penitenciário Federal.
Pedidos de regalias como TV, visita íntima e outras demandas em unidades prisionais do Rio Grande do Norte e retaliações a operações contra lideranças de facções criminosas podem estar entre as razões que motivaram uma série de ataques que aterrorizam o Estado desde madrugada da terça-feira (15). É o que apurou a TRIBUNA DO NORTE com fontes do Ministério Público e forças de segurança ligadas à Inteligência do Estado.
Segundo investigações, os “decretos” para ataques a ônibus, bancos e cidades potiguares partiram de dentro do Complexo de Alcaçuz.
Transferências
Lideranças de facções criminosas que estão custodiadas nas prisões do Rio Grande do Norte serão transferidos para unidades federais, segundo confirmou o secretário Helton Edi Xavier, titular da Secretaria de Estado da Administração Penitenciária (Seap).
“Já fizemos uma transferência na terça e faremos quantas forem necessárias para retomarmos a realidade. Será de acordo com a necessidade. Claro que isso demora, há um trâmite, protocolo, mas provavelmente haverá sim outras transferências”, aponta o secretário.
O RN receberá nos próximos dias outros 90 agentes da força de cooperação do sistema penitenciário, segundo o secretário Helton Edi Xavier. Eles se juntarão aos 190 policiais da Força Nacional que foram encaminhados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Segundo fontes do Ministério Público ligadas às investigações, as transferências para presídios federais têm acontecido com certa frequência no Rio Grande do Norte. De julho de 2021 até os dias atuais, foram solicitadas oito transferências de lideranças de organizações criminosas, de diferentes facções e por motivos diversos.
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