Majoritariamente ocupadas por
homens, as áreas de ciência e tecnologia ainda custam a apresentar equidade de
gênero, desde a quantidade de mulheres presentes até o abismo no comparativo da
média salarial, sendo menor entre o público feminino. Pensando em diminuir essa
desigualdade, o projeto de extensão MEG: Meninas nas Engenharias realiza ações
voltadas para estreitar a distância das jovens e adolescentes em atividades de
mecânica, eletricidade, matemática, programação, eletrônica e robótica.
O
MEG realiza visitas a meninas de escolas públicas de nível médio em Natal e na
Grande Natal. Atualmente, a equipe, composta por graduandas da UFRN, está
presente em oito instituições de ensino, ministrando palestras, minicursos,
visitas técnicas a laboratórios da Universidade e dinâmicas junto às alunas.
São abordados, nas aulas com as adolescentes, temas como eletrônica,
microcontroladores, programação, robótica, projeto de placas de circuito,
soldagem, projeto CAD e impressão 3D. As temáticas são explanadas de forma
lúdica, com base na ideia de “aprender fazendo”.
Jaysa
Barbosa, discente do curso de Engenharia de Computação, lidera as alunas de
graduação do projeto e percebe que a barreira do acesso do público feminino às
ciências exatas começa desde a infância. “O distanciamento das mulheres das
áreas de STEM (sigla em inglês para ciência, tecnologia, engenharia e
matemática) é causado por dois obstáculos principais: o preconceito e o acesso
às tecnologias e ao conhecimento. Desde pequenas, somos estimuladas a exercer
trabalhos ligados ao cuidado. A aventura, a exploração e a construção são
‘coisas de menino’”, destaca a graduanda.
Para
a jovem, o contato já na adolescência com as ciências exatas de forma lúdica e
com linguagem mais acessível para as meninas é a porta de entrada para mostrar
que é possível ingressar nessa área. “O que a gente observa em comum nas nossas
trajetórias e de outras mulheres é que, em algum ponto no meio do caminho, algo
ou alguém despertou esse interesse. É nesse contexto que o MEG entra”, explica
a extensionista.
Coordenado
por Pablo Javier Alsina, professor do Departamento de Engenharia de Computação
e Automação, o projeto pretende despertar a vontade de adolescentes para as
engenharias, mostrando que é possível ingressar na Universidade e cursar essas
áreas. “Aquelas que, de fato, têm a sua vocação despertada, são incentivadas a
seguir carreira na área, pois o contato com as alunas de graduação e com o
ambiente universitário ajuda a desmistificar a ideia de que seria uma coisa
inalcançável para alunas de escolas públicas”, destaca o coordenador.
As extensionistas também têm sua vocação para a profissão potencializada com a participação e o protagonismo nas ações do MEG. “O projeto ajuda a combater a evasão escolar do corpo discente feminino nos cursos dessa área. Além disso, elas, de alguma forma, são agentes multiplicadoras das ideias do projeto junto às suas colegas que não são membros do programa”, explica o professor Pablo. Ele informa, ainda, que as universitárias produzem, com a tutoria dos outros professores, o material didático dos minicursos ministrados nas escolas.
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