O Rio Grande do Norte integra os doze estados brasileiros com as taxas mais baixas de cobertura vacinal contra poliomielite em 2022, registrando 74,6%. Nove desses estados estão nas regiões Norte e Nordeste, enquanto os três restantes estão nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul. Os dados são do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
Em Natal, conforme o UNICEF, a cobertura da 2ª dose da vacina tríplice viral em crianças e adolescentes está abaixo de 95%. O imunizante protege contra três doenças, sarampo, caxumba e a rubéola, deve ser aplicada em crianças. A segunda dose deve ser aplicada nos primeiros 15 meses de vida.
Segundo Gleidson Silva, enfermeiro responsável pela sala de vacinação da UBS São João, a procura por vacinação de rotina entre crianças e adolescentes na unidade tem diminuído. Ele observa que, ao contrário do período durante a pandemia de Covid-19, a demanda atual tem apresentado uma queda significativa.
“Observo frequentemente a situação dos pais, pois em algumas ocasiões, eles trazem as crianças com vacinação em atraso, chegando a ser necessário administrar quatro delas em um único dia, mas o pai só quer dar duas. Buscamos convencer eles a fazerem o retorno, mas, por vezes, os pais não comparecem na data marcada”, ressaltou. Segundo Gleidson Silva, na UBS São João, localizada na Avenida Romualdo Galvão, Tirol, em Natal, apesar da baixa procura, é possível imunizar desde recém-nascidos até a terceira idade. Além disso, enfatiza que dispõem de todas as vacinas fornecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), assegurando que não falta nenhuma delas.
A dona de casa, Jéssica Costa, 32 anos, era a única mãe que estava na UBS São João, em busca de vacina para a sua filha, Aurora Gabrielly, 2 anos. “Eu procurei vacinar a minha filha porque a longo prazo, previne muitas doenças, coisas que antigamente não tinham. Mas hoje em dia, tem vacinação para tudo”, frisou.
Segundo o enfermeiro Gleidson Silva, a falta de tempo, desinformação e dificuldades de acesso, são barreiras à vacinação das crianças. “Muitas vezes, as conseqüências que os país enfrentam por não trazerem seus filhos para se vacinar, é que, em alguns casos, a gente chega ao Hospital Varela Santiago, e percebe uma criança com pneumonia, mas se você for olhar o cartão de vacina, não se imunizou com a vacina pneumo 10, oferecida para o bebê, mas que os pais não vieram vacinar a criança”, lamentou.
Capacitação UNICEF no RN
Preocupados com o cenário de baixa na cobertura vacinal dos municípios do Rio Grande do Norte, o UNICEF promove, em Natal, capacitações com 139 municípios potiguares para ampliar cobertura em crianças. A meta é promover ações intersetoriais nos municípios, integrando setores como educação, saúde e assistência social, visando alcançar, até 31 de dezembro de 2023, uma taxa de vacinação de 95% em crianças, garantindo assim a imunização adequada.
Em entrevista à TRIBUNA DO NORTE, na última quarta-feira (29), o chefe do Escritório do UNICEF em Fortaleza, Rui Rodrigues Aguiar, explicou que o Selo UNICEF acompanha, como indicador, a aplicação da 2ª dose da vacina tríplice viral. “Essa vacina, a 2ª dose deve ser tomada aos 15 meses de vida da das crianças. Não temos uma informação atualizada de como está a aplicação desta vacina no Rio Grande do Norte. A última informação é do mês de março, mas nós estamos abaixo de 95%. Alguns municípios já até alcançaram, mas em grande parte dos municípios, eles estão abaixo de 95% de cobertura”, ressaltou.
Os 139 municípios potiguares são todos participantes do Selo UNICEF, divididos em três grupos. O encontro “Imunizar é cuidar: quem ama vacina”, faz parte das capacitações do Selo UNICEF, uma das principais iniciativas do UNICEF para a garantia de direitos de crianças e adolescentes no Semiárido. A implementação do programa no Rio Grande do Norte é feita pela Associação para o Desenvolvimento dos Municípios do Estado do Ceará (APDMCE).
“Nós trouxemos consultores do Unicef, que trabalham na área da saúde, além disso, trouxemos municípios de estados vizinhos do Rio Grande do Norte, que tem experiências com organização de sistemas de busca ativa vacinal. Então, o encontro é baseado em troca de experiência, os municípios comunicam para os outros as boas práticas e como venceram os desafios. É um encontro técnico, de troca de experiências para organizar esse final do ano e alcançarmos a meta de 95% de vacinação”.
Ele completou: “Os profissionais que participam do treinamento são da saúde, educação e assistência social, porque a idéia é um trabalho integrado. Grande parte das vacinas que as crianças tomam, acontecem no período de até 15 meses, que é a idade onde elas estão nas creches. A nossa sugestão para os municípios é, por exemplo, que toda a criança que esteja em creche, esteja vacinada. Toda criança que está no Bolsa família seja vacinada. Toda criança que esteja recebendo atenção do Programa saúde da Família esteja vacinada. São três frentes de trabalho”, finalizou Rui Aguiar.
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