O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, disse
nesta quinta-feira, (4), que quem comemorar o dia 8 de janeiro estará cometendo
um crime, já que a data marca uma tentativa de golpe de Estado. A declaração
foi dada em entrevista publicada pela revista Veja.
A próxima segunda-feira, 8, marca um ano dos atos golpistas que
resultaram na invasão do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do
próprio STF. Moraes é o relator de 1.345 processos criminais que investigam a
atuação dos invasores.
“Qualquer pessoa que pretenda comemorar o dia 8 estará comemorando um
crime, porque estará comemorando uma tentativa de golpe”, disse o ministro em
entrevista à revista. “Seria importante que essas pessoas tenham muito cuidado
com o que vão fazer. Depois vão acusar o Ministério Público e o Poder
Judiciário de serem rigorosos demais. Não se comemora tentativa de golpe. Não
se comemora tentativa de derrubar dos Poderes constituídos. Isso é crime
também”, continuou Moraes.
O governo Lula (PT) promoverá, juntamente com o Legislativo e o
Judiciário, um evento que recebeu o nome de “Democracia Restaurada” para marcar
a data. Segundo Moraes, o objetivo é relembrar que as instituições brasileiras
demonstraram força e resistiram a uma tentativa de golpe. “Eu estarei aqui em
Brasília nesse evento mostrando a força das instituições brasileiras”, afirmou
o ministro.
A Coluna do Estadão apurou que a oposição ao governo não irá convocar
manifestações para se contrapor à cerimônia promovida pelo governo federal. Os líderes
do grupo devem divulgar uma nota de repúdio e destacar que trata-se de um
evento político.
À revista, Alexandre de Moraes disse ainda que houve omissão das forças
de segurança em Brasília e que o principal temor entre as autoridades era que
houvesse um efeito dominó e Polícias Militares de outros estados aderissem aos
atos golpistas, o que não ocorreu.
“Eu tinha certeza de que as Forças Armadas não iriam aderir. Mas o
grande receio é que começassem a pipocar em vários estados e isso forçasse a
uma reação da polícia, que acabasse gerando um conflito civil de proporções
inéditas no Brasil. Ou seja, foi uma temeridade, um absurdo, inclusive porque
agentes políticos incentivaram isso. Não é possível ter clemência com uma
tentativa de golpe”, acrescentou o ministro do STF.
Estadão Conteúdo
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