O padre Júlio Lancellotti disse à CNN que CPIs são “legítimas”, mas que ele não faz parte de
nenhuma organização não governamental (ONG). Estes órgãos deverão ser alvo de
uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) a ser instalada em fevereiro na Câmara Municipal de São Paulo.
A comissão quer investigar as ONGs que atuam no centro de
São Paulo, na região da Cracolândia, incluindo as atividades do padre Júlio
Lancelotti, segundo informações do autor do requerimento, vereador Rubinho
Nunes (União Brasil).
“As CPIs são legitimas e prerrogativas dos poderes
legislativos”, disse Lancellotti à CNN, argumentando também
que “as CPIs têm que ter um objetivo delimitado”.
E
o objetivo dessa (CPI) é a questão da política pública com pessoas dependentes
químicas, principalmente em área de cena de uso, que são pessoas em situação de
rua. Quem executa essas políticas são OSCs (organizações da sociedade civil)
com o poder púbico, e eu não pertenço a nenhuma OSC
Padre Júlio
Lancellotti
O padre também
disse que a “atividade da Pastoral de Rua é uma ação pastoral da Arquidiocese
de São Paulo, que por sua vez, não se encontra vinculada de nenhuma forma às
atividades que constituem o objetivo do requerimento aprovado para criação da
CPI em questão”.
O pedido de CPI
foi protocolado em 6 de dezembro do ano passado. Na justificativa, o vereador
afirmou que a CPI buscará “examinar as atividades desempenhadas e se elas estão
sendo executadas de maneira satisfatória” pelas ONGs que atuam na região da
“Cracolândia”.
Quais são os alvos da CPI?
Embora o
requerimento não cite nenhuma entidade, Nunes disse à CNN que,
inicialmente, serão investigadas duas organizações: o Centro Social Nossa
Senhora do Bom Parto (Bompar) e a Craco Resiste.
O vereador
acrescentou que, além delas, também devem ser examinadas “todas as outras que
atuam ali no centro que, na minha leitura, compõem a máfia que explora a
miséria no centro de São Paulo”.
O parlamentar
citou ainda a atuação do padre Júlio Lancellotti — conhecido por trabalhar
junto à população em situação de rua na capital paulista. “Ele capitaneia tudo
isso, então ele é uma figura que vai ser convocada tão logo a CPI seja
instalada”.
Segundo o
presidente da Câmara, Milton Leite (União), o assunto será tratado em reunião
do colégio de líderes na volta do recesso parlamentar, em fevereiro.
Serão necessárias
duas votações em plenário para que ela aconteça. A primeira para que se crie
uma nova CPI na Câmara e a segunda, para que esta das ONGs seja a escolhida.
O que disseram as organizações
citadas?
Em nota, o
coletivo Craco Resiste também disse que ela não é uma ONG. “Somos um projeto de
militância para resistir contra a opressão junto com as pessoas desprotegidas
socialmente da região da Cracolândia”.
“Enxergamos esse
tipo de ataque também como uma maneira de tirar o foco da discussão, mantendo
aberto o ralo de dinheiro que passa ainda pela violência policial e a suposta
repressão ao tráfico”, diz outro trecho do comunicado à imprensa.
Já o Centro
Social Nossa Senhora do Bom Parto comunicou, também através de nota, que o
“padre Júlio Lancellotti não é membro associado, conselheiro ou diretor do
Centro social Nossa Senhora do Bom Parto, tampouco exerce algum cargo em nossas
unidades de atendimento”. CNN
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