O ex-presidente Michel Temer pode
até ser chamado de “golpista” por Lula, pelo PT e por seus aliados. Afinal,
eles não reconhecem até hoje a legitimidade do processo de impeachment sofrido
pela “ex-presidenta” Dilma Rousseff, aprovado pelo Congresso e avaliado pelo
Supremo Tribunal Federal (STF). Mas nem mesmo os petistas e seus “companheiros”
podem dizer que o ex-presidente é um radical, age com o fígado e quer “passa
pano” para Bolsonaro.
Por isso, quando Temer vem a público para se manifestar sobre tudo-isso-que-está-aí,
convém prestar atenção no que ele tem a dizer, ainda que se discorde de suas
posições. Ainda mais se levarmos em conta que, além de ex-presidente, Temer tem
formação jurídica e foi professor de Direito Constitucional e diretor do curso
de pós-graduação em Direito na PUC de São Paulo. E foi ele, foi ele, sim, quem
indicou o ministro Alexandre de Moraes para o STF em 2017, quando o mesmo era
ministro da Justiça de seu governo.
Na visão de Temer, diante do que já se sabe a respeito da “tentativa de golpe”
do ex-presidente Jair Bolsonaro e de seus apoiadores mais próximos, incluindo a
turma da caserna que o acompanhava, não há motivos para que que ele seja preso,
ainda que a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, tenha pontificado um mês
atrás que, “se tudo der certo”, é o que vai acabar acontecendo.
“Com os fatos que vieram à luz até agora, penso que não há razão para prisão”,
afirmou Temer nesta sexta-feira, 9, em entrevista à CNN Brasil. “Há sempre a
perspectiva de, mas a perspectiva de depende da concretização de determinados
fatos. E esses, a meu ver, caso se concretizem, sê-lo-ão mais adiante.”
Só se tem um golpe de Estado quando as Forças Armadas querem. E as Forças
Armadas não quiseram isso.
Segundo Temer, também não se deve sobrevalorizar os acontecimentos investigados
pela Polícia Federal nem a “tentativa de golpe” de Bolsonaro e sua turma, que
ele classifica como “uma intenção malsucedida” de subversão da ordem
constituída.
“O que posso dizer é que essa matéria não pode ganhar a dimensão que está
ganhando. Ela é grave, mas tem de ser solucionada por meio da investigação que
se processará”, disse. “Só se tem um golpe de Estado quando as Forças Armadas
querem. E as Forças Armadas não quiseram isso. Pode, sim, ter envolvido um ou outro
general, muito mais aqueles próximos do presidente Bolsonaro, mas nada mais do
que isso.”
Temer elogiou as ações de Alexandre de Moraes na campanha eleitoral. “Devo
dizer, com toda a franqueza, e até os fatos estão confirmando, que, se não
fossem as decisões muito firmes e legalmente estabelecidas pelo Alexandre, não
sei se teríamos tido eleições. Para ele, pode haver “um ou outro exagero” de
Moraes, mas o ministro “não sai dos limites legais” em sua atuação.
Estadão Conteúdo
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