A pesquisa aponta que independente do porte das empresas, o uso da IA no dia a
dia já faz parte da realidade do mercado. Ao menos 59% das empresas ouvidas na
pesquisa afirmaram terem avançado na adoção de IA em 2023. Entre as motivações,
61% dizem querer melhorar a satisfação e atendimento ao cliente; 54% buscam
eficiência, produtividade e agilidade; 46% querem garantir a continuidade dos
negócios e 40% não querem ficar atrás dos concorrentes.
“O Sebrae entende a necessidade cada vez maior da adoção da I.A por parte das
MPEs, como diferencial competitivo nesse mercado tão acirrado. Nós já temos um
Programa chamado ALI – Agente Local de Inovação que auxilia o empresário a
identificar os principais gargalos na empresa e o auxilia na resolução desses
problemas utilizando diferentes tecnologias. O empresário que for selecionado
para participar do programa ALI Transformação Digital, recebe um voucher de R$
2 mil para auxiliar nas primeiras contratações tecnológicas”, aponta o analista
técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae-RN), David Gois.
Para o diretor adjunto de projetos do Instituto Metrópole Digital (IMD), Itamir
Barroca, as empresas estão cada vez mais investindo como forma de se manterem
competitivas no mercado. O especialista explica, por exemplo, que robôs
automatizados de pequenas empresas, como lanchonetes e clínicas, podem ser
considerados usos de I.A no mercado. “Os chatbots também são modelos
inteligentes”, explica.
“Existem várias iniciativas em diversos segmentos que estão adotando o uso da
I.A para alcançar produtividade e diminuir processos repetitivos e
automatizados, tanto para clientes quanto para uso interno. Sempre há uma tentativa
de melhorar a produtividade, processos internos, a I.A entrou como uma
ferramenta importante para se alcançar isso”, disse ele.
O Grupo Interjato, conjunto de empresas referência em soluções de tecnologia
para empresas e órgãos públicos, adotou a I.A há cerca de um ano de maneira
“transversal”, com praticamente todos os setores sendo impactados.
“A I.A nos auxilia de duas maneiras: primeiro na parte de predição de
problemas, porque aí começa-se a entender que quando aparece uma situação em um
lugar e em outro, um ser humano com muita bagagem quando faz a análise ele
entende que há evidências de um problema. Uma I.A consegue fazer essa
antecipação. E segundo é não só na predição mas também fazendo a própria
correção desse problema. Dá para fazer comandos corrigindo isso, como algum
rompimento de fibra, queda de link, refazer essas é um trabalho bem
estratégico”, aponta o CEO da Interjato, Erich Rodrigues.
Ainda segundo Erich, os setores jurídico e de marketing da empresa também foram
impactados de maneira positiva desde a adoção da I.A. Ele aponta ainda que a
empresa instituiu premiações internas para as melhores aplicações de I.A no dia
a dia. “O que observamos é uma agilidade no trabalho das pessoas. Há tarefas
que estão sendo resolvidas por 1/10 do tempo, claro que não são todas. Nosso
pessoal do marketing constroi e-mails de relacionamento, postagens e roteiros
de vídeo com as ferramentas de I.A com grau de produtividade altíssimo. Até
nosso jurídico tem utilizado com bastante sucesso essas ferramentas”,
acrescenta.
O diretor de marketing da CDL Natal, Bruno Félix, pondera sobre os números da
Microsoft e aponta que a realidade em Natal ainda não é a mesma da pesquisa.
Segundo ele, há uma resistência e desconhecimento da tecnologia de alas do
comércio natalense.
“Essa realidade ainda não é nenhum pouco sentida em Natal. O que a gente vê é
que existe um nível de analfabetismo digital gigantesco do pequeno e médio.
Muitos sequer têm o download do Chat GPT, que é a I.A mais conhecida. Muitos,
quando vamos fazer consultorias, também não sabem usar o WhatsApp Business, as
respostas automáticas, o catálogo digital. Os especialistas falam que 2023 foi
o ano da descoberta no sentido de tornar popular e que 2024 seria o ano da
aplicação, mas para quem? Para que nível de maturidade tecnológica e digital?
No Nordeste brasileiro, de maneira geral, ainda temos uma resistência grande à
tecnologia”, acrescenta.
Áreas de finanças e tecnologia investem
na IA
Entre as principais justificativas de
empresas potiguares para investir na I.A estão a agilidade de processos
internos, ganho de tempo e melhoria no atendimento ao cliente. Uma dessas
pequenas empresas que utilizam a I.A no seu cotidiano é a startup tecnológica
NUT Tecnologia, incubada no IMD e focada em soluções tecnológicas inovadoras
para empresas. A solução já está em uso em vários hospitais de todo o Brasil
numa parceria com a Claro, segundo Itamir Barroca, que é sócio investidor.
“Utilizamos a I.A para classificação de risco de pacientes, a partir dos
monitores paramédicos. É muito importante num cenário de UTI esse
acompanhamento mais próximo, verificando a intensidade do problema e o risco de
morte daquele paciente. Temos um modelo inteligente que faz uma estimativa do
tempo de internação, pois durante a pandemia percebemos que a UTI é um insumo
caro e extremamente importante. Então se conseguirmos um melhor planejamento
dessa UTI, mais teremos capacidade de utilização daquele recurso. Se temos um
paciente que está num risco menor, conseguimos reconduzir aquele paciente para
uma enfermaria. Esses modelos desenvolvidos trabalha justamente essa questão de
atualizar inteligentemente em dados o monitoramento de pacientes”, explica o
sócio investidor, Itamir Barroca.
Outra empresa potiguar que têm utilizado a I.A no cotidiano é a fintech LCC.hub
(Lucrando Com Crédito), plataforma de soluções financeiras que conecta
empresário e empreendedores em qualquer lugar do Brasil a instituições
financeiras e dezenas de fundos de investimentos.
“Hoje a nossa tecnologia de inteligência artificial, em parceria com a OpenAI e
o Google para Startups, busca a criação, a conversão e a análise de diversos
produtos financeiros personalizados para o perfil da empresa, otimizando o
atendimento ao cliente e agilizando a coleta de documentos necessários com
classificação e extração de dados por IA, inclusive a nossa ferramenta de IA
para análise de documentos é uma ferramenta única e customizada, treinada pelo
nosso time, todos programadores do Rio Grande do Norte”, explica o diretor da LCC.hub,
Allan Liderzio.
O diretor explica ainda que a empresa está desenvolvendo outra I.A para
aplicação o desenvolvimento de uma plataforma inovadora utilizando Geração
Aumentada por Recuperação (RAG) para criar um agente especializado em soluções
financeiras de crédito e de identificação de projetos com potencial de apoio à
inovação, implementando a inteligência artificial de ponta a ponta no processo
de solicitação do cliente.
“I.A é um caminho longo a percorrer”
O diretor de marketing da CDL Natal,
Bruno Félix, aponta ainda que as empresas em Natal e no RN possuem um “longo
caminho a percorrer” acerca do uso da I.A em seus negócios e empreendimentos. A
busca pela informação, segundo ele, deve ser constante por parte dos
empreendedores.
Uma oportunidade que se abre, segundo ele, será o Future-se, nos dias 04 e 05
de abril, com um encontro entre empreendedores, lideranças empresariais e os
principais players do mercado se reunirão no Centro de Convenções para uma
imersão em empreendedorismo, negócios, varejo, pessoas, novas habilidades, e
tecnologia. O diretor explica que haverá um espaço focado somente na
Inteligência Artificial.
“O Future-se terá um palco específico sobre I.A e transformação digital.
Traremos especialistas locais e de fora para discutir esse tema. Reunimos essas
lideranças para falar somente sobre esse assunto e mostrar a importância da I.A
e como pode fazer diferença nas vendas e no relacionamento com o cliente”,
aponta Bruno Félix.
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