Servidores do Estado se reuniram na manhã desta terça-feira (9) em frente à governadoria, em Natal, para pressionar o Executivo estadual em função da decisão de deixar somente para 2025 a recomposição salarial de várias categorias. O ato foi unificado e reuniu diversas representações, como Sinsp, Sintest, Sinditep, Sinte, Sindsaúde e Conlutas, dentre outras. Para os trabalhadores, o chamado ‘reajuste zero’ previsto para este ano, é um ‘deboche’, conforme reclamações ouvidas pela reportagem.
Diante da insatisfação, o Sindicato dos Trabalhadores em Saúde (Sindsaúde) iniciou uma greve na última quarta-feira (3) em todo o Estado. “Nossa categoria e os demais sindicatos não estão contentes, principalmente porque alguns setores foram privilegiados, como secretários, procuradores, desembargadores e auditores. Enquanto isso, o conjunto de servidores que carrega esse Estado nas costas, fica sem qualquer aumento”, disse Rosália Fernandes, uma das coordenadoras do Sindsaúde no RN.
“Estamos na luta para mudar esse posicionamento de reajuste zero em 2024. Se o Governo não mudar de opinião, vai ter que arcar com o ônus disso. Além dos reajustes, cada categoria tem especificidades próprias – no nosso caso, uma delas é a convocação do cadastro reserva do concurso público de 2018, que vence agora em setembro, enquanto nós temos 3 mil contratos temporários na saúde estadual. Também estamos pedindo aumento de jornada de trabalho, de 30h para 40 horas, ao contrário do que o mundo todo faz, para tentar, com isso, melhorar um pouco nosso salário”, acrescenta Fernandes.
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público da Administração Direta do RN (Sinsp), Janeayre Souto, também criticou fortemente o Governo. “Zero por cento de reajuste é desrespeito e deboche. A governadora concedeu aumentos para a categoria dela – os professores –, e de mais de 5% para os procuradores. Foram mais de R$ 22 mil de reajuste para o secretário da Fazenda desde 2019, isso num governo de origem popular. E para a saúde e outras categorias, a governadora tem a cara de pau de oferecer zero por cento de reajuste”, mencionou.
Ela cita ainda, as perdas acumuladas nos últimos anos, como motivo de insatisfação dos servidores. “Nós acumulamos, somente no Governo atual, uma defasagem de 29,52% com inflação. Precisamos colocar esses valores nos nossos contracheques para termos o poder de compras que tínhamos em 2019. Mas nós estamos aqui para dizer que não aceitamos o fato de que não haverá reajuste em 2024”, frisa Souto.
“Se a inflação não é zero, porque o reajuste tem que ser? Por que o Governo mantém os privilégios da própria cúpula intocáveis? Os trabalhadores não suportam mais ficar sem reajuste e, por isso, decidimos unificar a luta neste fórum em torno dessa bandeira. Queremos reposição em 2024, de pelo menos de 2022 para cá”, disse o coordenador de Comunicação do Sindicato dos Servidores Públicos da Administração Indireta do RN (Sinai), Alexandre Guedes.
A TRIBUNA DO NORTE procurou o Governo do Estado por meio da Assessoria de Comunicação, que direcionou a demanda para a Secretaria de Administração (Sead). A pasta informou que o “Governo vem dialogando toda semana para ver o que é possível fazer” em torno das demandas dos servidores. “O secretário [Pedro Lopes, titular da Secretaria] tem recebido os sindicatos sempre, mas até agora não houve nada muito assertivo, onde ambas as partes concordem”, disse a Sead, sem mencionar se haverá alguma possibilidade de proposta de reajuste para 2024.
Tribuna do Norte
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