Em 2023, o saldo da balança comercial do Rio Grande do Norte, ou seja, a diferença entre exportações e importações, caiu 68,9% em relação ao ano anterior. De US$ 301.320.067 em 2022, passou a US$ 93.511.130 no ano passado. O desempenho vai na contramão dos resultados no País. Em 2023, o saldo da balança comercial nacional foi o maior de toda a série histórica, totalizando US$ 98,8 bilhões, com aumento de 60% em relação ao ano anterior.
De acordo com o Boletim da Balança Comercial do RN, elaborado pela Unidade de Gestão Estratégica do Sebrae/RN, o Estado não adquiria tantos produtos no mercado internacional desde 2018. As importações atingiram US$ 687,8 milhões em compras, num aumento de 58% em relação a 2022 (US$ 435,4). Mesmo com venda de mercadorias para outros países superando essa marca e somando US$ 781,4 milhões negociados, o saldo ficou menor que nos anos anteriores. Em 2022, o estado exportou US$ 736,7. “Essa diminuição no saldo comercial pode ser atribuída principalmente ao aumento nas importações de produtos acabados, especialmente relacionados à tecnologia fotovoltaica”, conta a Gerente da Unidade de Gestão Estratégica do Sebrae/RN, Alinne Dantas.
O levantamento é feito com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. “Em 2022, as importações neste setor totalizaram US$ 103.031.456, enquanto em 2023 subiram para US$ 226.787.866, um aumento de 54,56%”, explica Alinne.
Os produtos comprados de fora do país diferem dos anos anteriores, quando o trigo e suas misturas com centeio dominavam a lista. Agora as aquisições de células e painéis fotovoltaicos, utilizados pela indústria de energia solar são os itens mais comercializados. Em seguida, aparecem as gasolinas, sem contabilizar o querosene de aviação (QAv), cujas importações somaram US$ 92,6 milhões. O gasóleo (óleo diesel) foi responsável por um total de US$ 61,292,6 milhões e somente depois aparece nesse ranking o trigo, com um volume negociado de mais de US$ 56,1 milhões, seguido dos componentes de aerogeradores (US$ 41,56 milhões).
O economista Ricardo Valério destaca que o saldo menor da balança comercial não é sinônimo de que a economia está regredindo, uma vez que as exportações também têm crescido. “Significa dizer que a nossa economia está bastante ativa e latente. O crescimento das importações ocorre de componentes eletrônicos, voltados para indústrias eólicas e solares, que são todos importados. Sinal de que são novos investimentos no setor eólico”, assegura. “Numa analogia da economia global, é positivo também o crescimento das exportações, ainda que a balança comercial sofra um pouco essa redução, o que é natural. O ruim era que tivesse crescendo as importações e as nossas exportações estivessem caindo, mas isso não vem ocorrendo”, explica o economista.
Em nível nacional, ele avalia que o cenário também é positivo pelo crescimento de commodities vendidos para fora, mas difere porque as importações não crescem como no RN. “Não tem nenhum fenômeno localizado como tem aqui no Rio Grande do Norte em relação aos investimentos em indústrias eólicas e solar. Com isso, as importações em relação a balança nacional não têm crescido como as exportações”, pontua Valério.
Setor de energia impulsiona importações
O fenômeno responsável pela redução do saldo da balança comercial do RN deve se manter em 2024. É o que prevê o presidente da Associação Potiguar de Energias Renováveis (APER), Cassio Maia. Segundo ele, o aquecimento do setor fotovoltaico se dá, tanto na geração distribuída, quanto na centralizada, que tem uma característica de importação direta maior. “Para se ter uma ideia, o Rio Grande do Norte tem mais de 1.000 MW instalados, outros 700 MW em construção e mais 9.000 MW em projetos protocolados, outorgados, que estão em desenvolvimento na etapa de projeto de engenharia para iniciar as obras. Provavelmente, esses materiais ainda serão adquiridos. Então, a tendência é que tenha um impacto ainda enorme sobre os próximos anos”, declara.
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