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21 julho 2024

CADEIAS DE ÓLEO E GÁS DEVE ATRAIR R$ 4 BI E AMPLIAR OPORTUNIDADES NO RN

REDAÇÃO ITAJÁ TV

A descoberta da margem equatorial e o reaquecimento da exploração onshore tem impulsionado a cadeia de óleo e gás, trazendo uma nova perspectiva econômica para o Rio Grande do Norte. Para o biênio 2024-2026, a previsão é de investimentos na ordem de R$ 15 bilhões no setor, concentrados nos estados do Rio Grande do Norte, Bahia, Pernambuco, Maranhão e Amazonas, majoritariametne na exploração onshore. Somente no Rio Grande do Norte, com destaque para as regiões do Oeste e Alto Oeste, o setor deve injetar cerca de R$ 4 bilhões em investimentos.

A projeção, baseada em portfólios de grandes empresas do segmento, constam em estudo da Vita Digital, e devem ampliar as oportunidades de novos negócios para empresas fornecedoras de bens e serviços potiguares. Ainda no estudo, Macau e a Salinas Cristal possuem investimentos previstos na ordem de R$ 521,7 milhões e R$ 179,5 milhões, respectivamente. A pesquisa mostra que 90% dos entrevistados apontou que o mercado está em plena retomada.

Segundo o estudo, cerca de R$ 2 bilhões do total serão investidos somente pelas operadoras privadas 3R Petroleum e Petro Victory, em operações no solo potiguar até 2026. Soma-se à lista de oportunidades elencadas no levantamento, investimentos na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, com previsão de R$ 5 bilhões; outros R$ 3,4 bilhões, a partir da retomada de operações da Petrobras na Bahia, além da expansão de atividades nos estados do Maranhão e do Amazonas, onde, somente a Petrobras, investirá perto de R$ 3 bilhões.

Segundo o professor e engenheiro Antônio Batista, responsável pela apresentação do estudo, os dados revelam ainda que as oportunidades estarão presentes, também, no descomissionamento, que é a desmontagem de estruturas exploratórias – nicho pouco explorado por empresas potiguares.

“Várias empresas estão com ativos a descomissionar. Esse mercado representa oportunidades que somam R$ 3 bilhões. Um mercado que muitas vezes nem está no radar das empresas fornecedoras, mas que devem ser levados em consideração. Sem considerar o futuro com a Margem Equatorial, com a Petrobras aqui na Bacia Potiguar. Ou seja, temos uma imensa janela de oportunidades no setor”, alerta.
O cenário foi apresentado no Café com Energia, projeto desenvolvido pelo Sebrae Rio Grande do Norte em parceria com a Redepetro RN, realizado a cada dois meses para discutir temas relevantes do setor de óleo e gás, e que reuniu fornecedores de bens e serviços e operadoras.

Margem equatorial
A produção de petróleo na Margem Equatorial brasileira tem potencial para criar 326.049 novos empregos formais, sendo 54.304 no Rio Grande do Norte, segundo dados levantados pelo Observatório Nacional da Indústria da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em estudo inédito sobre o tema. Esse estudo aponta ainda que a extração pode adicionar R$ 65 bilhões ao PIB nacional e acrescentar R$ 3,87 bilhões à arrecadação indireta. No caso do RN, o vlor adicional ao PIB seria de R$ 10,8 bilhões, um acréscimo de 15,9%.

Fornecedores: 67% apontam retomada
No cenário atual, 67% dos fornecedores avaliam que o mercado de óleo e gás já está em plena retomada. As projeções também são positivas no faturamento, que tem expectativa de um crescimento da ordem de 60%. O engenheiro Antônio Batista revela que o Oeste do Rio Grande do Norte, em específico Mossoró, possui o cenário perfeito para impulsionar o setor. Para ele, a vocação na exploração e produção de petróleo e gás, aliada à posição geográfica estratégica do município são pontos decisivos para que empresas locais se sobressaiam frente às oportunidades do mercado.

“Mossoró está muito próxima dessas regiões petrolíferas do Brasil e é muito privilegiada pela posição vocacional, pela grande atividade petrolífera, e está equidistante tanto para a região Sul do Brasil quanto para a região Norte. Portanto, é imprescindível estar em Mossoró”, observa.

O levantamento apresentado por Batista revela que, na produção onshore, a Bacia Potiguar fez 41 mil boe (barril de óleo equivalente) em maio deste ano. Com o investimento previsto, as empresas da região podem crescer em até 30% em relação ao ano passado. “A quantidade de poços, só este ano, furados no Estado chega a 25. E esse é um número, se pegar dos anos anteriores, é um número maior que o acumulado nos últimos cinco anos.”, descreve Batista, citando dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Para José Nilo dos Santos, presidente da Redepetro (Associação de empresas fornecedoras de bens e serviços para a cadeia de Petróleo, Gás, Petroquímica e Energia), o estudo mostra que o RN tem muito a contribuir para a indústria brasileira com a produção terrestre de petróleo e gás. “O setor, que tradicionalmente demonstra muita resiliência em transpor desafios, poderia estar a galope se não fosse o persistente descompasso na liberação das licenças ambientais, incontestavelmente importantes. Até mesmo para comprovar que a indústria de óleo e gás é também uma boa cuidadora do meio ambiente”, explicou o presidente da Redepetro.

Rotas de atuação
Diante deste cenário de crescimento, o Sebrae busca rotas para realizar ações que possam beneficiar o pequeno negócio. Para o gestor do Projeto de Petróleo e Gás do Sebrae RN, Robson Matos, os números da pesquisa servem como base para nortear o mercado e definir a área de atuação do Sebrae junto aos fornecedores de bens e serviços da cadeia produtiva.

“A margem equatorial, pelo que já tem descoberto, pode de fato levar o Rio Grande do Norte a um estado relevante na produção do petróleo”, afirmou Robson Matos. O gestor do Sebrae ainda afirma que existe um processo de transição energética em curso e que e essa janela de oportunidades, evidenciada pelo estudo, é curta. Por isso, é necessário celeridade para aproveitar os investimentos e, consequentemente, gere emprego e renda.

“O ideal é que isso se concretize e que a gente possa se aproveitar de todos os investimentos, de todas as ofertas de emprego, da questão do efeito renda, de aumentar a renda das pessoas e, consequentemente, no processo de desenvolvimento do estado”, descreveu Robson Matos.

Robson Matos ainda descreve que o RN possuía quase 40% do Produto Interno Bruto (PIB) resultante da produção de óleo e gás. Com a previsão de investimento na casa dos bilhões, a expectativa é que este segmento volte a ser um pilar expressivo na economia potiguar. “Toda a riqueza que é gerada em termos de royalties, em emprego, participação do endereço de petróleo no PIB e é nesse contexto que o Sebrae entra nesse processo para preparar o pequeno negócio para que eles aproveitem essas oportunidades da melhor forma possível”, afirma o gestor Sebrae.

Para descrever o processo do desenvolvimento da economia local, Robson Matos esclarece que os setores são alinhados e que, desta forma, o investimento de grandes empresas impactam em pequenos negócios. “As empresas locais, que têm essa expertise, elas fornecem desde materiais, equipamentos para posse, como também são empresas de serviços geológicos, para perfuração de posse, na comercialização de EPIs, por exemplo. Os investimentos dessas grandes empresas, consequentemente, geram oportunidades para os pequenos negócios que automaticamente são geradores de novos empregos, a partir desse aquecimento”, acrescenta o gestor do Sebrae.

Política específica para fomento da exploração do petróleo e gás
Para assegurar que os investimentos sejam executados no Estado, Antônio Batista salientou sobre a necessidade de celeridade nas emissões de licenças ambientais. “No Brasil, é um dos principais problemas nossos essa questão ambiental, porque você ganha, você compra o campo, você paga pro leilão o direito de explorar e o mesmo governo que te vende a área, é o mesmo governo que lá depois vai dizer assim, ah, mas eu não vou liberar o licenciamento”, afirmou o especialista.

O engenheiro ainda explica que é necessário criar um sistema de políticas integradas para desenvolver processos específicos para a produção e exploração do petróleo e gás. “O Rio Grande do Norte poderia avançar muito. O Estado poderia liderar, sair na frente, identificar quais são as boas práticas internacionais, quais são as boas práticas do país, criar um pré-licenciamento das áreas, de forma que esse tema não seja empecilho na hora de investir”, exemplifica Antônio Batista.

Nesse sentido, o especialista afirma que há a necessidade de emitir um pré-licenciamento antes de efetuar a venda de um campo: “O mundo todo trabalha diferente, ele pré-licencia tudo e depois vende. Quando você só compra, já está licenciado. Então, já é certeza de que ia ter que ter um programa licenciado”. Para Batista, essa é uma das ferramentas que podem ser implementadas para que o RN tenha vantagem em relação aos outros estados.


TRIBUNA DO NORTE 


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