Adversária do prefeito morto em
João Dias e candidata à Prefeitura nas eleições de 2024, a ex-prefeita Damária
Jácome deixou a cidade nesta quarta-feira (28) e se colocou à disposição das
autoridades responsáveis pela investigação. Além disso, a Polícia Civil do Rio
Grande do Norte prendeu dois suspeitos de participarem da morte do prefeito
Marcelo Oliveira (União Brasil). Outros 10 foram presos por porte e posse
ilegal de armas. Entre os presos, está um dos irmãos do prefeito, que não é o
presidente da Câmara, Jessé Oliveira. Conforme relatou o diretor da Divisão de
Polícia do Oeste (DIVIPOE), delegado Alex Wagner, eles foram detidos para
“evitar um derramamento de sangue na cidade”, que poderiam ser motivados por
vingança.
“Diante
dos lamentáveis acontecimentos, que exigem cautela com as informações, reafirmo
o meu respeito pela vida humana e pela justiça, confiando plenamente nas
autoridades e nos órgãos competentes para a investigação do caso”, escreveu a
ex-prefeita Damária Jácome em publicação nas redes sociais.
Mais cedo nesta quarta-feira (28), a Secretaria de Estado da Segurança
Pública e Defesa Social (Sesed) deu detalhes das duas operações com prisões
realizadas no Oeste do Estado. Entre os dez presos, estão três policiais
militares, sendo dois do Rio Grande do Norte e um do Ceará. Não há informações
de envolvimento deles no assassinato do prefeito.
“Evitamos um derramamento de sangue na cidade. O grupo, muito
provavelmente, tentaria se vingar da morte do prefeito”, destacou o delegado
Alex Wagner.
Confirmados como suspeitos de envolvimento no assassinato de Marcelo
Oliveira estão um taxista e um passageiro. De acordo com o delegado Alex
Wagner, o taxista, da cidade de Pau dos Ferros, estava auxiliando na logística
da fuga dos criminosos. No momento da prisão, além do motorista, estavam no
carro mais duas pessoas que fugiram para área de mata. A prisão ocorreu em
Antônio Martins, que faz limite com a cidade de João Dias.
Questionado sobre os pedidos de segurança solicitados pelo prefeito
antes do atentado que causou a sua morte, a Sesed afirmou que não houve nenhum
ou registro de pedido formal de segurança na esfera estadual. “Não existe e nem
existiu nenhum documento formalizado de pedido de segurança pessoal”, afirmou o
coronel Araújo. Na esfera municipal, o comandante da PM na região do Alto
Oeste, Nitoildo Dantas, reforçou a afirmação de Araújo, dizendo que não recebeu
pedidos para fortalecer a segurança.
O titular da Segurança do RN, coronel Francisco Araújo, disse que a
prisão dessas pessoas “evitou um mal maior, possivelmente até uma chacina na
cidade”.
“O efetivo policial presente, tanto da Polícia Civil quanto da Polícia
Militar, abordou esses dois veículos com pessoas fortemente armadas. Treze
armas de fogo foram apreendidas, incluindo fuzis e outras armas de grande
potência. A prisão dessas pessoas e a apreensão dessas armas evitaram um mal
maior, possivelmente até uma chacina na cidade ou em outros locais”, disse o
secretário.
Em relação à segurança das eleições, o secretário coronel Francisco
Araújo garantiu maior efetivo com o incremento dos novos mil policiais
militares formados que vão reforçar a segurança em todas as cidades do Rio
Grande do Norte. O secretário também afirmou que houve um aumento do efetivo
policial no município em 50%. De acordo com o titular da Sesed, havia seis
policiais anteriormente na cidade e, no ano passado, foram inseridos mais três
militares.
Quem
Marcelo Oliveira, na época filiado ao PP, foi eleito pela primeira vez em 2020
obtendo 50,86% dos votos válidos (1.366 votos no total). Em julho de 2021,
Marcelo Oliveira chegou a renunciar ao cargo alegando ameaças por parte da
família da vice-prefeita, Damária Jácome de Oliveira. Em outubro de 2022, a
desembargadora Maria Zeneide Bezerra, da Segunda Câmara Cível, determinou o
retorno imediato de Marcelo Oliveira ao cargo de prefeito de João Dias. A
decisão da desembargadora atendeu a um pedido do prefeito que havia renunciado.
No pedido apresentado pela defesa, é citado que o prefeito sofreu “coação moral
irresistível consistente em ameaças de morte à sua pessoa e à sua família” e,
por isso, havia deixado o cargo.
A ex-vice-prefeita chegou a ser denunciada pelo Ministério Público do RN
(MPRN) por extorsão, sendo condenada em maio de 2023 a seis anos e quatro meses
de reclusão e perda do cargo público ocupado.
Em contato com a assessoria jurídica de Damária Jácome, que é atual
candidata à Prefeitura de João Dias, o advogado Leonardo Dias de Almeida
pontuou: “recorremos porque entendemos que há prova da inocência de Damaria e
que as acusações contra ela não se sustentaram após a instrução processual,
portanto temos uma condenação injusta”, disse.
TRIBUNA DO NORTE
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