Entidades ligadas ao segmento de saúde do Rio Grande do Norte são
unânimes ao apontar que o Hospital Metropolitano deve ser uma das prioridades
para a gestão estadual em virtude da situação crônica de décadas do Walfredo
Gurgel. Na avaliação de Marcos Jácome, presidente do Conselho Regional de
Medicina do RN (Cremern), o hospital de trauma é uma “necessidade urgente” para
o Estado.
“Um novo
hospital de trauma seria muito importante para a região metropolitana, como
também referenciando o aumento dos leitos em Mossoró, no Hospital Tarcísio
Maia. Então, é muito importante que esse alento seja conseguido, ou seja, na
prática, trazer novas estruturas hospitalares voltadas para o atendimento ao
trauma. É uma necessidade urgente para a nossa assistência pública à Saúde da
população do Rio Grande do Norte”, avalia.
Mesmo pensamento tem o presidente
do Sindicato dos Médicos do RN (Sinmed-RN), Geraldo Ferreira. Ele cita que o
novo Hospital Metropolitano é “fundamental” para o Estado.
“As
obras que o Walfredo tem recebido no intuito de melhorar as condições
estruturais para os pacientes não aumentam a quantidade de leitos. Estamos
chegando a um nível absurdo de procura do hospital porque os regionais não
estão adequadamente equipados. Temos um em São Gonçalo que está terminando, que
a prefeitura não terá condições de mantê-lo e quer que o Estado assuma, vai ser
um anteparo importante para a região e talvez se tiver as escalas completas
poderá ser um desafogo para o Walfredo. Mas o Walfredo está em situação
precária”, avalia.
“Natal
cresceu sua população, o Walfredo é um hospital antigo e apesar da reforma que
transformou o pronto socorro em Clóvis Sarinho, o número de leitos não foi
alterado. Há uma falta imensa de um hospital de urgência do Estado”,
acrescenta.
Já
para a coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do RN
(Sindsaúde-RN), Rosália Fernandes, a chegada do Hospital Metropolitano é
importante, porém, não vai resolver os problemas da traumaortopedia existentes.
Ela cita que é preciso aprimorar outras questões estruturantes em hospitais
estaduais e que as prefeituras municipais abram serviços, incluindo de trauma
ortopédico.
“Eu
avalio que não é um novo hospital de trauma que vai se resolver a situação que
temos no Walfredo Gurgel. Claro que iria amenizar, mas não vai resolver se não
passarmos por uma reestruturação de toda a rede de saúde. Isso significa
equipar os hospitais do interior, porque senão a demanda vai continuar a mesma,
tudo vindo para o Walfredo e para esse segundo hospital. É preciso reestruturar
toda a rede e também os municípios terem sua contrapartida. É impossível que o
município de Natal, com 800 mil habitantes, que não se resolva coisas simples
no interior. Tudo se manda para o Walfredo”, complementa.
Walfredo enfrenta superlotação
O
Walfredo Gurgel fechou três de suas sete salas de cirurgia para abrigar
pacientes na última quinta-feira (22). As salas de cirurgia foram usadas como
locais de internação e com isso, sendo impedidas de ser utilizadas utilizadas
para a realização de cirurgias. Segundo última atualização do hospital nesta
sexta-feira (23), uma das salas foi liberada na quinta-feira (22) e mais da
metade dos 20 pacientes alocados nas salas foi transferida.
Nesta
semana, a direção do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel disse que a unidade
“passava por uma sobrecarga de atendimentos”. Além disso, a direção do hospital
divulgou nesta semana que, em julho, o HMWG registrou recordes em atendimentos,
com mais de 6,4 mil pessoas recebidas apenas no seu pronto-socorro, aumentos
mensais substanciais em casos de AVC (+27,8%) e ortopedia (+10,3%), além do
número máximo na série histórica de acidentes envolvendo motociclistas, que
chegaram a 860 pacientes, 13,6% a mais que o mês anterior. A tendência mostrada
pelos dados em julho se mantém para este mês.
A
Sesap disse ainda que o hospital está recebendo investimento de R$ 9 milhões
para a ampliação e reforma de setores, além da construção de um novo centro
cirúrgico, que chegou a 40% de execução da obra e “vai dobrar a capacidade
atual do setor”.
Na
semana passada, a Justiça do RN determinou o bloqueio de cerca de R$ 8,2
milhões nas contas do Estado para o Walfredo. Segundo a decisão judicial, a
quantia deve ser revertida integralmente ao Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel
para o abastecimento de medicamentos, insumos e material médico cirúrgico. O
valor também se destina ao pagamento de dívidas de 2022 e 2023 junto a
fornecedores.
A
Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) contestou a decisão e informou
que vai recorrer. O pedido do bloqueio aponta que o orçamento requerido pelo
hospital à Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) para a compra dos itens
mencionados, alcançava o valor de R$ 45.498.672,37, quantia que, se dividida em
12 parcelas ao ano, daria uma média de R$ 3.791.556,031 mensal. O montante
ainda inclui despesas com a manutenção dos contratos vigentes.
TRIBUNA DO NORTE
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