Uma idosa de 84 anos de idade com quadro infeccioso foi internada em uma maca na frente da porta de um banheiro na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Esperança, em Parnamirim, na Região Metropolitana de Natal, enquanto aguarda uma transferência para uma UTI na rede pública de saúde do estado.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) informou no fim da manhã desta terça-feira (10) que a idosa já havia entrado na lista de regulação, em prioridade, e deve ser transferida tão logo a vaga seja disponibilizada na rede.
A Secretaria de Saúde de Parnamirim informou que a idosa foi cadastrada no Regula RN - plataforma que interliga as redes de saúde estadual e municipais para organizar as regulações e transferências de pacientes - e que é necessário aguardar a vaga surgir para a transferência.
A família entrou com um mandado de segurança na Justiça para tentar a transferência com urgência da idosa, mas até 12h desta terça-feira (10), não havia saído nenhuma decisão favorável.
A família contou que Maria Marli Reis De Oliveira, de 84 anos, chegou à unidade na sexta-feira passada (6), e que os médicos recomendaram a transferência com urgência para uma UTI. Segundo o laudo, Marli tem um quadro de várias infecções.
Desde então, no entanto, a idosa seguiu internada em uma maca no corredor improvisada a UPA, próxima um banheiro.
O problema ficou ainda pior porque a UPA Esperança, de Parnamirim, não tem realizado exames de sangue e nem exames de imagem, por falta de insumos. O fato tem ocorrido desde a semana passada, aumentando também a fila de espera na unidade e revoltando os pacientes.
'Situação que ninguém imagina viver'
Marilene Reis, filha de Marli, disse que tem visto o esforço da equipe médica para lidar com a situação, mas que precisou agir ao ver a mãe nessa situação.
"É um caos. Acho que é uma situação que ninguém na vida imagina que vai viver um dia. Você vê a sua mãe precisando de um atendimento, o médico falar que ela precisa ir para uma UTI, que é necessário, e que ele não tem o que fazer", lamentou.
A filha disse que a mãe entrou andando na unidade de saúde, mas após quatro dias de internação improvisada na frente de um banheiro apresenta um quadro com várias infecções e se mostrou mais debilitada.
Marilene contou que conversou com a equipe médica para tentar fazer uma transferência por ambulância particular - caso a vaga de UTI apareça - ou até levar a mãe para um hospital privado, mas que foi informada há outros trâmites envolvidos para tomar essas decisões, tendo que ser avaliado o estado de saúde da mãe, por exemplo.
"Ou seja, o quadro dela agravou, piorou. Agora, se eu conseguir o mandado de segurança, vai ter que avaliar o quadro para saber se ela pode ou não ser transportada", lamentou.
"Como que uma pessoa com 84 anos está numa UPA, que claramente não tem condições de fazer exame de imagem, exame de sangue, como foi dito, segura uma pessoa ao invés de mandar pra um hospital. Ok, não tem vaga na UTI. Mas manda para um lugar onde possa fazer os exames, um lugar onde o médico possa avaliar".
Marilene contou que o pai dela - que tem 60 anos de casado com a mãe - tem ido se despedir de Marli na UPA diante da situação na qual ela se encontra.
"Eu estou vendo o quadro da minha mãe se agravar, eu preciso de uma saída, eu preciso de uma solução. Eu não sei mais o que fazer, eu já tentei todas as opções, todas as maneiras", desabafou.
G1RN
Nenhum comentário:
Postar um comentário