Um grupo de servidores do IBGE divulgou uma carta aberta em que expressam sua insatisfação com a administração de Marcio Pochmann. Os profissionais, que somam 136 e pertencem a três diretorias diferentes, acusam a gestão de ter um viés “autoritário, político e midiático”, o que, segundo eles, compromete a credibilidade das pesquisas realizadas pela instituição.
A criação da Fundação IBGE+ é um dos pontos que gerou mais controvérsia entre os servidores. No documento, os servidores ressaltam a ausência de diálogo entre a presidência e os colaboradores, além de manifestarem preocupações sobre a qualidade e a confiabilidade dos dados produzidos.
A falta de comunicação tem levado a diretores importantes a deixarem seus cargos, evidenciando um clima de descontentamento dentro da organização. Apesar das alegações dos servidores, a direção do IBGE refuta a ideia de que a instituição esteja enfrentando uma crise. Em resposta às críticas, a presidência anunciou que pretende processar aqueles que disseminam o que considera “desinformação”. Essa postura tem gerado ainda mais tensão entre os funcionários e a administração.
“IBGE paralelo”
O Sindicato Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do IBGE (ASSIBGE-SN) convocou uma reunião on-line para debater as recentes polêmicas envolvendo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o sindicato, a reunião terá como objetivo debater e construção de “uma estratégia coletiva frente a situação pelo IBGE”. O encontro será realizado na próxima quinta-feira (23/1) às 19h.
Em nota, o sindicato explanou quais serão os assuntos debatidos na reunião. Eles são: ataques ao sindicato por parte da direção do IBGE; atualização sobre a questão do IBGE+; atividade de pressão nos estados dia 29 de janeiro; pressão pela aprovação da LOA e esclarecimentos sobre o pagamento do reajuste.
Crise no IBGE
A criação da fundação IBGE+ deflagrou uma nova crise interna no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e uma guerra de versões entre o presidente do órgão, Márcio Pochmann, e servidores. A relação entre a cúpula da entidade e o sindicato já estava deteriorada desde agosto de 2024, quando houve a determinação de retorno ao trabalho presencial para os funcionários que estavam de home office desde a pandemia.
De acordo com Pochmann, a criação de uma fundação é necessária para o reconhecimento do IBGE como Instituição de Ciência e Tecnologia. Ele afirmou que esse status permitirá a busca de recursos não-orçamentários “essenciais para a urgente e imprescindível modernização e fortalecimento tecnológico”. O matemático alegou que o processo foi discutido no Conselho, com comunicado no portal do instituto e no site próprio da fundação.
O Sindicato Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do IBGE discorda. Os servidores afirmam que o quadro técnico não foi consultado e destacam a possibilidade de a fundação “comprometer a autonomia técnica do órgão oficial”. De acordo com os sindicalistas, exonerações recentes na Diretoria de Pesquisas do órgão demonstram “que não se trata de uma corriqueira discordância”. A presidência nega comprometimento da autonomia técnica.
Mais insatisfação
Outro ponto de discórdia é uma portaria publicada no dia 22 de agosto de 2024 para determinar o retorno ao trabalho presencial em dois dias por semana. A medida é válida para os servidores que permaneceram em regime remoto integral. “Esta decisão também considerou a necessidade de preparar a recepção a quase mil novos servidores advindos do Concurso Público Nacional Unificado (CNU)”, disse o instituto.
A insatisfação foi impulsionada porque, no Rio de Janeiro, o IBGE está passando por mudanças e funcionará provisoriamente no prédio do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), na Avenida Chile, região central da capital fluminense. “O novo espaço representa 1/3 do atualmente ocupado, bem como está a 15 minutos do ponto de ônibus mais próximo, num trajeto ermo e sem calçada, ao final do qual se alcança a Rua Pacheco Leão, frequentemente intransitável devido a alagamentos, e sem que haja outro acesso”, destaca o sindicato.
O órgão prometeu vans para o transporte de servidores até pontos próximos às suas casas. Segundo o sindicato, a promessa acontece “num contexto onde o IBGE atrasa pagamentos para fornecedores” e que, por isso, “traz justificados receios sobre a manutenção e a qualidade de tal serviço”.
Relembre a crise no IBGE:
Reunião sindical: o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE convocou uma reunião on-line para quinta-feira (23/1), às 19h, para debater estratégias frente às polêmicas envolvendo o instituto.
Pauta da reunião: serão discutidos ataques ao sindicato, criação do IBGE+, pressão pela aprovação da LOA, ações nos estados em 29/1 e questões sobre o reajuste salarial.
Criação do IBGE+: a fundação proposta pela presidência gerou conflito com servidores, que alegam falta de consulta técnica e risco à autonomia do órgão.
Desgaste interno: relações deterioraram desde agosto de 2024, com o retorno parcial ao trabalho presencial e mudanças na Diretoria de Pesquisas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário