O Brasil vive um ciclo vicioso onde a corrupção atravessa gerações, sobrevive a governos e se reinventa a cada escândalo. O que muda são os rostos, os partidos, os cargos — mas a estrutura de desvio e impunidade segue intacta.
Desde os anos 1990, com o impeachment de Fernando Collor, o país já dava sinais de que a ética na política era frágil. Collor, que chegou ao poder com o discurso da modernidade, terminou seu mandato de forma vergonhosa, envolto em denúncias de corrupção e abuso de poder. Seu caso marcou uma geração, mas, infelizmente, não serviu de lição.
Hoje, mais de três décadas depois, o Brasil enfrenta novos escândalos — e o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é um dos alvos. Um órgão que deveria simbolizar proteção e amparo social virou sinônimo de descaso e corrupção. Fraudes bilionárias, benefícios fantasmas, servidores envolvidos em esquemas... Tudo isso enquanto aposentados esperam meses, às vezes anos, para receber o que é seu por direito. O povo trabalha uma vida inteira para, no fim, mendigar por um benefício mínimo, enquanto outros se enriquecem com o dinheiro público.
E, no meio desse cenário desolador, uma nova cortina de fumaça entra em cena: a camisa vermelha da Seleção Brasileira. Um simples uniforme alternativo virou tema de debates, brigas, discursos políticos e distrações midiáticas. Enquanto isso, os verdadeiros problemas — como a corrupção endêmica e o desmonte dos serviços públicos — ficam em segundo plano.
A polarização é alimentada por detalhes simbólicos, como a cor de uma camisa, enquanto temas essenciais como saúde, educação, aposentadoria e justiça social são ignorados. É como se a sociedade brasileira fosse empurrada a discutir o superficial para não encarar o essencial.
O Brasil não precisa de uma nova cor. Precisa de consciência. De memória. E principalmente de ação. A corrupção não é um problema novo — mas continua sendo um problema nosso.
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