Com
dificuldade para encontrar um novo nome para assumir a principal cadeira
executiva da Petrobras, após a desistência de Adriano Pires, o governo federal
colocou na mesa estratégias para conseguir ganhar tempo e mitigar a crise de
governança na qual mergulhou a empresa. Uma das opções que vem ganhando força
seria tirar da pauta da assembleia a votação do novo Conselho de Administração
– votando apenas as demais matérias, como a aprovação das contas da companhia
referentes ao ano passado. Essa possibilidade envolve a permanência do general
Joaquim Silva e Luna por mais tempo no comando da estatal.
Pelas regras do estatuto da estatal, o presidente da
companhia precisa ser membro do conselho de administração, por isso a
importância dessa eleição. No último documento entregue ao regulador, com os
nomes do governo indicados ao colegiado da companhia, ainda estão Rodolfo
Landim, presidente do Flamengo que já desistiu da posição, e do general Joaquim
Silva e Luna, demitido pelo presidente Jair Bolsonaro sob o contexto das altas
dos combustíveis. Adriano Pires não chegou a ter seu nome incluído na lista de
indicados.
Depois do imbróglio formado após a indicação de Pires ao
cargo, com potenciais conflitos de interesse vindo à tona, os nomes sondados
pelo governo estão preferindo se manter longe na companhia, ainda mais porque o
mandato é apontado como "tampão".
Segundo fontes, uma das apostas, o presidente da Enauta,
Decio Oddone, já recusou o convite. Afinal, são apenas oito meses até o fim do
mandato e o atual governo está atrás nas pesquisas eleitorais para a
presidência. Ou seja, um executivo do setor teria que se desvencilhar de suas
atuais funções sem a certeza de que continuaria na próxima gestão. É dado com
certo que se o pleito for vencido pelo petista Luiz Inácio Lula da Silva haverá
troca da presidência da estatal.
Caso seja batido o martelo e o governo decida, de fato,
retirar a votação da pauta da assembleia marcada para o próximo dia 13, o atual
presidente da Petrobras, o general Joaquim Silva e Luna, deverá ficar mais um
tempo no cargo. Isso ocorreria até que o governo conseguisse acertar um novo
nome e marcar uma assembleia para votar o conselho.
O Portal do Estadão informou que o general não veria
problemas em ficar mais um tempo no cargo. O governo corre para conseguir
encontrar um nome, mas a visão é de que há pouco tempo hábil. Faz parte do rito
da empresa uma verificação do nome pelo Comitê de Pessoas, órgão vinculado ao
Comitê de Pessoas (Cope) da companhia.
Cogitados
A desistência de Adriano Pires para a Presidência da
Petrobras e Rodolfo Landim para o Conselho de Administração da empresa explodiu
a bolsa de apostas para os novos nomes para o comando da petrolífera
brasileira. O nome do secretário especial de Desburocratização, Gestão e
Governo Digital do Ministério da Economia, Caio Mario Paes de Andrade, ganhou
força, mas também outros nomes entraram no radar: Márcio Weber, Décio Oddone e
Vasco Dias.
Márcio Weber é atual conselheiro da empresa. Foi membro da
Diretoria de Serviços da Petrobras Internacional (Braspetro) e Diretor da
Petroserv S.A. Uma das vantagens é que ele pode “descer” do Conselho para a
Diretoria Executiva. Já sendo conselheiro, ele poderia ser aprovado como
presidente na reunião. Neste caso, contribui o fato de que os conselheiros já
passaram pelo crivo da checagem exigida pelas regras de governança.
Oddone é ex-diretor geral da Agência Nacional de Petróleo
(ANP) e atual diretor-presidente da Enauta. Foi CEO da Petrobras Bolívia e presidente
do Conselho de Administração e CEO da Petrobras Energia. Experiente, Oddone tem
como empecilho estar no comando da Enauta, que tem negócios com a Petrobras. O
Portal do Estadão apurou que Oddone já recusou o convite porque só restam oito
meses para o fim do atual governo.
Tribuna do Norte