O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou quatro prisões e 23 mandados de busca e apreensão no Espírito Santo no âmbito do inquérito 4.781 dos atos antidemocráticos. Nesta quinta-feira (15), a Polícia Federal deflagrou uma operação para o cumprimento das determinações. Entre os investigados estão os deputado estaduais Carlos Von (DC) e Capitão Assumção (PL), que terão que usar tornozeleiras eletrônicas.A operação é realizada na capital, Vitória, e em outras quatro cidades: Vila Velha, Serra, Guarapari e Cachoeiro de Itapemirim.
A determinação de Moraes atende à representação da Procuradoria Geral de Justiça do Estado do Espírito Santo (PGJ/ES).
A TV Gazeta e o g1 confirmaram que os mandados de prisão são contra o vereador de Vitória Armandinho Fontoura (Podemos), o jornalista Jackson Rangel Vieira, o pastor Fabiano Oliveira e o radialista e candidato derrotado a deputado estadual Max Pitangui (PTB).
De acordo com informações apuradas pelo jornalismo da Rede Gazeta, o jornalista Jackson Rangel Vieira foi preso em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do estado, e estava sendo transferido para a sede da Polícia Federal em Vitória.
Até a última atualização desta reportagem, não havia informações sobre o cumprimento dos mandados de prisão contra o vereador Armandinho Fontoura (Podemos), o pastor Fabiano Oliveira e o radialista Max Pitangui (PTB).
Tornozeleira eletrônica
Moraes determinou medidas cautelares contra os deputados Carlos Von Schilgen (Democracia Cristã) e Capitão Assumção (PL), como uso de tornozeleira eletrônica, proibição de deixar o estado, proibição de uso de redes sociais ainda que por terceiros, proibição de concessão de entrevistas de qualquer natureza e de participação em qualquer evento público em todo o território nacional. Em caso de descumprimento, há previsão de multa diária de R$ 20 mil.
Os deputados estaduais confirmaram que receberam a presença de agentes federais nesta quinta-feira.
O deputado Carlos Von (DC) disse ao g1 que ficou surpreso com o mandado de busca. Os policiais federais chegaram ao gabinete na Assembleia Legislativa, em Vitória, por volta de 7h.
Ele disse que foi surpreendido com a ligação da segurança da casa avisando da presença dos policiais na porta de seu gabinete. O deputado diz não entender por que foi alvo e nega ter participado de atos antidemocráticos.
Carlos Von é morador de Guarapari, cidade vizinha, e disse que só estaria no local mais tarde, que o gabinete funciona a partir das 8h e, por isso, ainda estava fechado.
"Pedi um assessor que fosse ao local abrir a porta. Só sei que levaram o meu computador. Eu nunca participei de nenhum ato, nunca fui a nenhuma manifestação justamente para não criar esse tipo de narrativa", disse.
"Nunca me posicionei nas minhas redes sociais e nem mesmo na tribuna da Assembleia. Inclusive, nunca contestei nenhum resultado das eleições. Por isso, não entendo por que meu nome está envolvido nisso. Vão ter que provar o que estão dizendo. Essa historinha não vai prosperar."
Carlos Von é deputado estadual, disputou as eleições, mas não foi reeleito. Ele tem base eleitoral em Guarapari, Região Metropolitana de Vitória.
Por volta de 9h30, o deputado estadual Capitão Assumção (PL) usou uma rede social confirmando ser alvo da operação da Polícia Federal.
"Urgente. PF na minha casa e no meu gabinete a mando de Alexandre de Moraes. Pratiquei o terrível crime de livre manifestação do pensamento. #OLadraoNaoVaiSubirARampa", disse na postagem.
Em nota, a assessoria do deputado Capitão Assumção informou que recebeu com espanto a ação:
Por volta de 9h30, o deputado estadual Capitão Assumção (PL) usou uma rede social confirmando ser alvo da operação da Polícia Federal.
"Urgente. PF na minha casa e no meu gabinete a mando de Alexandre de Moraes. Pratiquei o terrível crime de livre manifestação do pensamento. #OLadraoNaoVaiSubirARampa", disse na postagem.
Em nota, a assessoria do deputado Capitão Assumção informou que recebeu com espanto a ação:
"Quanto ao mérito da ordem judicial, o único fato imputado ao Deputado na decisão se referiu a: a) “demonização de ministros desta Corte como “demônios” e, mormente em relação a Vossa Excelência, de “capeta” e b) “tendo inclusive repostado... o “vídeo que irritou Alexandre de Moraes“(folhas 10 da decisão)", diz a nota.
Ainda segundo a assessoria, a defesa vai recorrer da decisão.
Assumção foi reeleito deputado estadual em outubro e sagrou-se nas urnas como o segundo mais votado para a Assembleia Legislativa do Espírito Santo. Ele saltou de 27.774 votos, em 2018, para 99.669.
Capitão da reserva da Polícia Militar, é um dos parlamentares mais identificados com o bolsonarismo no Espírito Santo.
Polícia Federal
Em nota, a Polícia Federal informou que cumpre mandados de busca e apreensão no estado.
''A Polícia Federal no Espírito Santo informa que, na data de hoje, cumpriu 23 mandados de busca e apreensão, 4 mandados de prisão preventiva e outras determinações de medidas diversas (nos municípios de Vitória, Vila Velha, Serra, Guarapari e Cachoeiro de Itapemirim) determinadas pelo Exmo. Sr. Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Morais, nos autos do Inquérito 4.781/DF, em atendimento à representação da Procuradoria Geral de Justiça do Estado do Espírito Santo (PGJ/ES). As informações estão restritas à presente nota", diz a nota.
Procuradoria-Geral
O g1 procurou a PGJ-ES para dar mais detalhes sobre a operação e os mandados de busca e apreensão. Se houver retorno, esta matéria será atualizada.
A operação no ES é a mesma que acontece em outros seis estados e no Distrito Federal.
A TV Globo apurou que o desmembramento da operação se deve à logística, ambas, no entanto, visam bolsonaristas que teriam organizado os atos golpistas que bloquearam rodovias. G1