Futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, o senador eleito Flávio Dino (PSB-MA) disse nesta segunda-feira 26 que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve antecipar ações no dia 1º de janeiro, data da posse, contra manifestações golpistas e para evitar uma “situação de instabilidade” no País.“Nós vamos, obviamente, antecipar certos atos, porque não pode haver vazio de poder. Então isso não ocorrerá, no sentido de que já nas primeiras horas do dia 1º, vamos tomar providências para que não ocorra essa situação de instabilidade”, disse Dino em entrevista à GloboNews.
“Isso se refere ao conjunto das instituições que estão sob o comando do Ministério da Justiça e ao restante do governo”, afirmou ainda o futuro ministro.
As declarações foram feitas dias após a prisão de George Washington de Oliveira Sousa, no sábado 24, sob a acusação de tentar explodir um caminhão de combustível em via próxima ao aeroporto de Brasília.
“Vamos tomar as providências para que nas primeiras horas do dia 1º já haja um comando efetivo. No momento em que se esvai um mandato presidencial, a posse em si é uma formalização de algo que a Constituição impõe, o mandato presidencial cessa à meia-noite do dia 31 de dezembro”, disse Dino.
Em depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal, George Washington disse que planejou com manifestantes do QG (Quartel General) no Exército a instalação dos explosivos em pelo menos dois locais da capital federal para “dar início ao caos” que levaria à “decretação do estado de sítio no país”, o que poderia “provocar a intervenção das Forças Armadas”.
Dino afirmou que é urgente acabar com os acampamentos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na mesma entrevista, ele declarou que espera “providências” nesta semana das Forças Armadas e do atual governo para desmobilizar os manifestantes que defendem um golpe militar como caminho para evitar a posse de Lula.
“Em relação às Forças Armadas, esperamos providências nesta semana. Já houve diminuição deste acampamento [em Brasília]. É hora de pôr fim a isso, é urgente que isso ocorra uma vez que por todas essas razões. É algo incompatível com a Constituição, e isso se refere a todo o território nacional.”
“Imagino que as Forças Armadas vão debater isso, especialmente o Exército. Na próxima semana estaremos no governo e todas as providências serão tomadas, inclusive sobre crimes anteriores”, completou.
Dino também afirmou que há indicações de “omissões de autoridades e agentes públicos federais” em relação a esses acampamentos, assim como de agentes econômicos e que isso será apurado.
O futuro ministro afirmou ainda que George Washington não é “um lobo solitário” e que é preciso se atentar às conexões entre “armamentismo, o liberou geral normativo e o terrorismo”.
“Há gente poderosa financiando isso, e a polícia irá apurar passo a passo quem forneceu essas armas, onde ele obteve isso, onde ele obteve esses explosivos, porque isso não é uma ação individual.”
“Nós não vamos permitir isso no Brasil. Não vamos permitir que esse terrorismo político se instale no Brasil”, seguiu ele.