O local de maior viabilidade técnica à instalação do porto-indústria no litoral do Rio Grande do Norte é o município de Caiçara do Norte, segundo concluiu um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).O relatório sobre a análise técnica foi apresentado à governadora Fátima Bezerra (PT) nessa quinta-feira (19). O estudo havia sido contratado pelo governo para determinar o melhor local para instalação do equipamento.
Segundo a gestão estadual, o porto-indústria será "essencial" à viabilidade de projetos para exploração de energia eólica offshore (no mar) e a exportação de diversos outros produtos, como o hidrogênio verde (H2V).
O estudo foi coordenado pelo professor Mario Gonzalez, do Departamento de Engenharia da Produção da universidade.
“Devido ao alto potencial do estado para geração de energia de fontes renováveis, e a tendência mundial para a prática da ‘economia verde’ em todos os setores econômicos, o porto-indústria do RN deveria ter a denominação de Porto-Indústria Verde”, afirma o professor.
“Os portos dos países mais desenvolvidos estão trabalhando para se transformar em ‘verdes’. Mas aqui já podemos nascer ‘verdes’, dentro dessa perspectiva”, complementa, destacando que um porto-indústria também tem a função de fabricar, armazenar, preparar mercadorias - entre elas, equipamentos da indústria de energias limpas - além de movimentar cargas.
A partir do estudo, Fátima autorizou o início do EIA/RIMA, que é o estudo e relatório ambiental, dando, assim, continuidade aos estudos técnicos para a construção do porto-indústria em Caiçara do Norte. A previsão é que o terminal comece a funcionar em meados de 2026.
Segundo Hugo Fonseca, coordenador de desenvolvimento energético da Secretaria do Desenvolvimento Econômico (Sedec), a previsão é de que 50 mil empregos sejam gerados somente na primeira fase (de 1 a 4 anos).
“Na primeira fase já teremos o cais, uma retroárea definida, a fabricação de peças e componentes, indústrias instaladas de operação e manutenção, que geram muitos empregos, porque são serviços. Portanto, já estará funcionando”, afirma.
Segundo o governo a construção do porto-indústria vai viabilizar a produção energia eólica no mar (offshore), bem como do hidrogênio verde (considerado o combustível do futuro).
O projeto porto também tem expectativas de trabalhar com diversos outros setores econômicos, como fruticultura, sal, mineração, pesca, óleo e gás.
A governadora Fátima Bezerra afirmou que levará a agenda para o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França.
“A transição energética é uma agenda irreversível, e acho que o Rio Grande do Norte não pode perder essa oportunidade. Vai ser muito desafiador, mas não vamos nos acomodar, temos que ter ousadia para pensar no melhor, primeiro para o povo do Rio Grande do Norte, depois para no que isso vai projetar o Brasil”, afirmou a governadora.
O estudo
Segundo o governo, foram investidos R$ 1,1 milhão na contratação de vários estudos, que também resultaram em projetos como o Atlas Eólico e Solar do Rio Grande do Norte e o Hub de Serviços para eólica onshore (em terra) e offshore (no mar).
Segundo o governo, o Estudo de Alternativa Técnica e Locacional para Infraestrutura de Transmissão Offshore e o Programa Norte-rio-grandense de Hidrogênio Verde também fazem parte da proposta mais ampla, que é o porto-indústria verde, um projeto de desenvolvimento econômico e sustentabilidade energética.
Segundo o governo, os estudos técnicos são importantes para dar segurança às empresas que apresentam interesse em se instalar no estado e cria um ambiente de confiança para Parcerias Público-Privado (PPP).
“Esse projeto não chegou de paraquedas. Ele começou em 2019 e faz parte de uma carteira de projetos que a gente considera estratégica em setores importantes, e que tem essa característica de sustentabilidade”, afirma Hugo Fonseca.
O estudo de viabilidade técnico-econômica-ambiental apresentado nessa quinta-feira (19) à governadora e para gestores e técnicos dos órgãos do Estado, como do Idema e da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, contou com profissionais de diversas áreas, como de análise econômica e financeira, biologia e oceanografia, geologia marinha e ambiental, engenharias, assim como de logística e infraestrutura portuária.
Além de avaliar a localização geográfica, que culminou na escolha de Caiçara do Norte como local ideal, o estudo apresentou um plano estratégico para operacionalização do porto-indústria e o desenvolvimento de sua cadeia produtiva e industrial.
Para o governo, o porto deverá gerar benefícios como fortalecimento da industrialização do estado, geração de empregos e capacitação de mão de obra, além de redução do custo logístico, melhoria da infraestrutura logística marítima e maior competitividade no setor de energias renováveis.
FONTE: G1/RN
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