26 novembro 2023
ASSÚ E MACAU REGISTRA ACIDENTES COM VÍTIMAS FATAL NESTE DOMINGO (26)
MEDO E INSEGURANÇA MOTIVAM POTIGUARES A BRINDAREM VEÍCULOS
“Em Natal, vendi os primeiros blindados no final dos anos 90. Só que em Natal não tinha essa violência de assalto a carro, porque o trânsito incentiva isso, mas na capital potiguar o trânsito é “parado”, como tem no Rio ou em São Paulo. Então por isso que Natal talvez não tenha um volume tão substancial. Só que ano passado e recentemente tivemos situações envolvendo o crime organizado e as pessoas começam a pensar em se proteger. Uma empresa que investe nisso, tem custos altos”, analisa o presidente da Abrablin, Marcelo Silva, analisando ainda que o volume de blindagens em Natal não compensa para os empresários.
Após assaltos, família blindou veículo
Após experiências traumáticas envolvendo assaltos à mão armada e abordagens, potiguares têm recorrido à blindagem veicular como forma de se resguardar das ações criminosas de bandidos. Um desses casos foi de um empresário de 41 anos do Seridó do RN, que pediu para não ser identificado.
O potiguar mandou blindar seu veículo, um Compass. O custo para blindagem foi de cerca de R$ 76 mil, gasto que o potiguar não se arrepende de ter investido. Há alguns anos, chegou a ser abordado e assaltado por bandidos.
“Fiz a blindagem pensando na minha segurança, porque viajo muito. Já havia sido assaltado duas vezes e por ser do comércio, acabamos sendo visados. Numa delas eu estava guardando o carro na garagem, se ele fosse blindado teria entrado no carro para me salvar. Valor nenhum paga a vida da gente, por isso resolvi blindar meu carro”, disse.
Outra empresária potiguar, de 53 anos, resolveu blindar seu veículo, um Volvo xC60. Ela conta que se sentia insegura na cidade e em viagens para o Aeroporto Internacional Aluízio Alves. Os custos foram de cerca de R$ 85 mil.
“Já tive filha que foi sequestrada, numa ação relâmpago. O bandido ficou com ela no carro para fazer pix e pagamentos no cartão. E outra filha minha foi alvejada porque ela não parou. Isso me motivou a blindar meu carro. Foi um pouco caro, não blindei antes por conta justamente disso. Valeu muito a pena, me sinto realmente segura e blindada para buscar filhos, ir à aeroporto, paro em sinal tranquilamente. Sempre pagava às multas”, recorda.
Em Natal, os carros mais procurados para blindagem são Compass, Corolla, Toyota Cross, Renegade, Amarok, Hilux, entre outros, todos modelos que custam a partir dos R$ 150 mil se comprados 0km. Por ter alto custo, a blindagem veicular acaba sendo um produto voltado às classes sociais mais abastadas financeiramente.
O perfil de usuários de blindagem veicular são de empresários, médicos, juízes e pessoas responsáveis pelo transporte de altos valores. “Antes era só a classe AA, mas agora estamos atendendo clientes da B, C Alta. As pessoas estão preferindo comprar um carro mais barato e blindar, por exemplo”, acrescenta Betinho Costa.
Blindagem
A blindagem de um veículo no Brasil é regulamentada e fiscalizada pelo Exército Brasileiro por meio da Portaria nº 94/2019, editada pelo Comando Logístico. Para que o serviço seja feito, é necessário o preenchimento de uma série de requisitos e formulários, bem como a autorização do Exército. Aliado a isso, é necessário ter todas as certidões negativas e não ter antecedentes criminais.
A blindagem é uma camada de proteção colocada na parte externa do carro, sendo que na realidade a camada de proteção fica dentro do carro. Para que um carro seja blindado, é preciso desmontá-lo praticamente por completo.
Mercado segue em alta no Brasil, diz Associação
Nos primeiros meses do ano, mais de 13 mil veículos receberam a proteção diante do medo da violência urbana, segundo dados da Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin). De janeiro a junho deste ano, foram blindados 13.936 veículos, número quase 20% maior do que o mesmo período de 2022 (11.710 blindagens automotivas).
Segundo números do Exército Brasileiro, órgão responsável pela regularização do segmento, os maiores registros de blindagens automotivas no período foram em São Paulo (11.810 veículos blindados), seguido pelos estados do Rio de Janeiro (834), Ceará (521), Pernambuco (313) e Rio Grande do Sul (220).
“Diariamente, os veículos de imprensa noticiam as ações cada vez mais violentas e ousadas dos criminosos. Em São Paulo, por exemplo, temos observado o crescimento espantoso dos roubos de celulares, quando os bandidos quebram o vidro do carro para cometerem o delito. Esse cenário de fato cria um ambiente de completo medo e quem tem recursos vem buscando na blindagem a proteção”, destaca Marcelo Silva, presidente da Abrablin.
De acordo com a associação, o segmento vem batendo recorde ano após ano. Em 2021, chegou a ultrapassar 20 mil blindagens no período. Em 2022, bateu um novo recorde com a blindagem de 25.916 veículos. “Para 2023, caso o número de pedidos se mantenha aquecido como foi neste primeiro semestre, devemos observar um novo ápice de blindados no país”, diz Silva. A Abrablin estima que a frota blindada no Brasil esteja em cerca de 325 mil carros. A proteção mais praticada é a de nível III-A, que garante proteção contra todos os tipos de armas curtas (pistolas e revolveres).
Entre 2019 e 2022, as marcas que mais tiveram carros blindados foram Toyota, Jeep, Volkswagen, BMW e Volvo, sendo atualmente os modelos SUVs os que mais estacionam nos pátios das blindadoras para receberem a proteção.
PREÇO DO GÁS DE COZINHA ULTRAPASSA RECORDE HISTÓRICO EM 71 MUNICÍPIOS BRASILEIROS
25 novembro 2023
LULA SE REÚNE COM MINISTROS DO STF PARA TENTAR FREAR CRISE E SINALIZAR GONET DA PGR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou em campo para estancar a crise entre o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF). Em um gesto de pacificação entre os Poderes, Lula promoveu um jantar na quinta-feira, 23, no Palácio da Alvorada, para os ministros Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Cristiano Zanin. Aos convidados, sinalizou que vai indicar à Procuradoria-Geral da República (PGR) o vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet, apadrinhado por Moraes e Gilmar. A PGR está sob o comando interino de Elizeta Ramos há dois meses, desde que Augusto Aras deixou o cargo. O procurador-geral é indicado pelo presidente da República e avalizado em votação do Senado.
Afago
As cúpulas do Executivo e do Judiciário entraram em rota de colisão na quarta-feira, após o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), votar a favor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita as decisões monocráticas dos magistrados da Corte. No Palácio do Planalto, a sinalização de que Paulo Gonet será indicado para a PGR foi entendida como o grande afago de Lula a Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, e com a capacidade de reconstruir as pontes dinamitadas por Jaques Wagner.
O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, não participou do jantar da pacificação. Ele já havia se reunido com Lula na manhã de quinta-feira e viajou para o Rio naquela noite, em razão de um compromisso previamente agendado, e por isso não pôde comparecer.
Ao longo do encontro no Alvorada, o presidente afirmou aos convidados que não orientou Jaques Wagner – que, além de líder do governo, é seu amigo pessoal de quatro décadas – a aliar-se aos bolsonaristas e ao Centrão no voto “sim” à PEC. O apoio do senador foi considerado decisivo, no Supremo e no governo, para o avanço do texto, que agora segue para análise da Câmara. Wagner “arrastou” consigo os votos dos aliados Angelo Coronel (PSD-BA) e Otto Alencar (PSD-BA), dando a margem necessária para o texto passar na Casa. Antes do voto de Wagner, a aposta do Supremo é que a PEC não seria aprovada pelo Senado.
Os ministros da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, e da Justiça, Flávio Dino, acompanharam o jantar promovido por Lula. Os dois são cotados para a vaga aberta no STF e têm diálogo com os ministros da Corte. Dino é o candidato favorito de Moraes e Gilmar, enquanto Messias tem o apoio do PT. Corre por fora o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, que tem bom trânsito entre os Poderes, mas perdeu competitividade ao longo da corrida de bastidores.
Pressão
Mas se Gilmar e Moraes de fato, emplacarem Gonet na PGR, o PT promete dobrar a pressão para o chefe da AGU ser indicado ao Supremo, sob pena de dar muito poder aos magistrados. O partido de Lula defendia o subprocurador Antonio Carlos Bigonha para comandar o Ministério Público. No entorno de Lula, a indicação de Paulo Gonet para a PGR é esperada para os próximos dias. Já definição para o STF é esperada somente para o ano que vem.
O jantar oferecido aos magistrados foi avaliado por auxiliares políticos do governo como exitoso para, ao menos, baixar a fervura da crise institucional. Já no dia seguinte, Luís Roberto Barroso marcou para a segunda-feira o julgamento da mudança de contabilidade dos precatórios, pauta de interesse do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. No auge da irritação do Supremo com o voto de Jaques Wagner, a equipe econômica dizia nos bastidores temer que os magistrados poderiam reagir ao governo atrasando a análise da matéria.
Precatórios
A equipe econômica pede ao STF autorização para que os juros dos precatórios sejam considerados despesas financeiras, ou seja, não sejam contabilizados na meta fiscal e nem nas punições do arcabouço. A medida seria um alívio para Haddad, que apesar do cenário econômico desafiador ainda persegue a meta de déficit fiscal zero em 2024.
Outro pedido na mesma ação protocolada pela União é para o STF autorizar o pagamento de R$ 95 bilhões do estoque de precatórios via crédito extraordinário ainda em 2023.
Ponto de inflexão na relação entre o governo e o Supremo, que vinham alinhados pela ação do Judiciário contra o bolsonarismo, a PEC que limita as decisões monocráticas dos magistrados foi patrocinada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em dobradinha com o presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP).
Enquanto Pacheco busca se viabilizar como pré-candidato ao governo de Minas Gerais, com acenos ao eleitorado de direita favorável a um “freio” ao Supremo, Alcolumbre constrói uma rede de apoios dentro do Senado para voltar à presidência do Congresso em 2025. Ex-presidente da Casa, Alcolumbre trabalha para ser um “candidato invencível” à sucessão de Pacheco. Para isso, quer o apoio do Planalto, do Centrão e do bolsonarismo raiz.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
fonte: Estadão Conteudo