O presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), quer reunir os
líderes partidários nos primeiros dias de janeiro para discutir a tramitação
da medida provisória (MP) que instituiu uma reoneração gradual da
folha de pagamentos. Em nota emitida na sexta-feira 29 à noite, Pacheco disse
ter recebido com “estranheza” a MP que revogou a prorrogação da desoneração da folha
para 17 setores da economia.
“Farei uma análise apurada do teor da medida provisória
com o assessoramento da consultoria legislativa do Senado Federal. Para além da
estranheza sobre a desconstituição da decisão recente do Congresso Nacional
sobre o tema, há a necessidade da análise técnica sobre os aspectos de
constitucionalidade da MP”, afirmou Pacheco.
Publicada na sexta-feira no Diário
Oficial da União, a MP derrubou a prorrogação, até 2027, da
desoneração da folha para 17 setores da economia intensivos em mão de obra,
instituída pelo Congresso após derrubada de veto do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva.
Além de
estabelecer uma reoneração parcial, a MP limitou o uso de compensações
tributárias (descontos em impostos a pagar) por empresas e instituiu a revisão
do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), criado em 2021
para ajudar empresas afetadas pela pandemia de covid-19.
Uma eventual
devolução da MP ao Palácio do Planalto dependerá do resultado da reunião de
líderes, tanto da Câmara como do Senado.
“Há também um contexto de reação
política à sua edição que deve ser considerado, de modo que também será
importante reunir os líderes das duas Casas para ouvi-los, o que pretendo fazer
nos primeiros dias de janeiro. Somente depois de cumprir essas etapas é que
posso decidir sobre a sua tramitação no Congresso Nacional ou não”, acrescentou
Pacheco na nota.
Na própria
sexta-feira, a Frente Parlamentar do Empreendedorismo enviou um ofício a
Pacheco em que pede a devolução da MP. Apesar de ter validade imediata, alguns
pontos da MP, que preveem o aumento gradual das contribuições para a
Previdência Social, só entrarão em vigor em abril. Isso ocorre por causa da
regra da noventena, que estabelece prazo de 90 dias após a edição de uma MP ou
sanção de projeto de lei, para o aumento de contribuições entrar em vigor.
Haddad
Ao anunciar as
medidas, na última quinta-feira 28, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, repetiu que a desoneração da folha
aprovada pelo Congresso é inconstitucional. Segundo o ministro, a prorrogação,
sem nenhuma medida de compensação, contraria a emenda constitucional da reforma
da Previdência, que estabeleceu que o governo não poderia aprovar medidas que
aumentem o déficit da Previdência Social.