O presidente do Senado da
República, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), defendeu que o presidente Lula se retrate
da sua fala, comparando a ação militar de Israel na Faixa de Gaza ao holocausto
nazista na II Grande Guerra. “Diante de qualquer situação que venha a abalar,
estremecer e contaminar as relações diplomáticas do Brasil, é papel do Senado
Federal naturalmente por dever constitucional, se pronunciar”, disse o
presidente do Senado, que “não pode aderir, compactuar ou se calar diante de
qualquer afirmação, de quem quer que seja, inclusive do presidente da
República, que compare a ação militar que está ocorrendo na Faixa de Gaza, com
o Holocausto”.
Rodrigo Pacheco disse que o genocídio contra o povo judeu, perpetrado pelo
regime nazista na II Guerra Mundial, “não há definitivamente, base de
comparação da realidade atual com isso que viveu o povo judeu, que foi
seguramente uma das maiores atrocidades da humanidade”.
Portanto,
reportou Pacheco, ao longo da semana, “tivemos uma grande repercussão” acerca
da fala do presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, na missão que
fez à África, relativamente ao conflito entre o grupo Hamas e a Palestina na
Faixa de Gaza.
“De
inicio queria reiterar que o Senado Federal, através de sua presidência, já se
manifestou de maneira veemente, que é a condenação do ataque terrorista, não há
outro nome, perpetrado pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 contra civis
israelenses”, afirmou Pacheco.
O
presidente do Senado reiterou o repúdio da Casa ao ataque, com a sincera
expectativa que reféns possam ser libertados, e possa haver encaminhamento de
solução pacífica desse conflito: “Da mesma forma, a Casa por sua presidência,
gostaria de repelir e repudiar reações que, eventualmente, sejam
desproporcionais e o uso de força militar e de violência em excesso, que por
ventura tenha ocorrido na reação militar de Israel na Faixa de Gaza”.
Pacheco
disse, ainda, que “são duas vertentes absolutamente naturais de se perceber o
repúdio e a veemência, com o objetivo comum de se buscar uma solução pacífica”,
mas lembrou que “genocídio é o extermínio deliberado de um povo, por motivo de
diferenças étnicas, nacionais, raciais ou religiosas, genocídio há um plano
para eliminar este grupo de pessoas com essas características. Foi exatamente o
que aconteceu no nazismo e que rendeu o holocausto na história da humanidade”.
Pacheco
afirmou que, ainda que a reação feita pelo Governo de Israel “venha a ser
considerada desproporcional, excessiva, violenta, indiscriminada, não há como
estabelecer um comparativo com a perseguição sofrida pelo povo judeu no
nazismo”.
“Estamos
certos de que uma fala inapropriada e equivocada não representa – e aqui digo
eu -, não representa o verdadeiro propósito do Presidente da República
Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que é um líder global
conhecido por estabelecer ou buscar estabelecer diálogos e pontes entre as
nações, motivo pelo qual, em especial por esta confiança que este Presidente
tem no perfil conciliador do Presidente Lula, uma fala dessa natureza deve
render uma retratação”.
O
presidente do Senado considera fundamental que “haja uma retratação e um
esclarecimento com um pedido de desculpas em relação a uma parte da fala que
estabelece essa premissa equivocada, pois o foco das lideranças mundiais deve
estar na resolução do conflito entre Israel e Palestina”.
Pacheco
declarou também que o Governo brasileiro “é mundialmente conhecido por sua
diplomacia moderada, por sua diplomacia altamente qualificada. Então, devemos
mostrar nossa influência, a nossa contribuição para a pacificação do conflito
de modo equilibrado. Inclusive, o Brasil se orgulha de ter presidido a Sessão
Especial da Assembleia-Geral das Nações Unidas que aprovou o Plano de Partilha
da Palestina e deu origem ao Estado de Israel, em 1948”.
Segundo
Pacheco, o Senado Federal acompanha com grande perplexidade e preocupação os
desdobramentos do conflito entre Israel e Palestina e clama uma vez mais pela
cessação das hostilidades. Reafirmamos o apoio do Poder Legislativo brasileiro
para uma solução consensual em que o Estado da Palestina possa conviver em paz
e segurança com o Estado de Israel, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e
internacionalmente reconhecidas.
“Os
judeus e sua história, assim como os palestinos e sua história, merecem o mais
absoluto respeito, e este Senado Federal clama efetivamente pela paz entre
esses povos, pela paz entre as nações. A solução para o conflito passa,
necessariamente, pelo cumprimento dos tratados de direitos humanos e pelos
mecanismos multilaterais de solução de controvérsias, sempre respeitando a
memória histórica dos dois povos e dos dois lados envolvidos”, acrescentou.
Tribuna do Norte