Enquanto presidia a sessão do Senado Federal, o senador Styvenson Valentim (PODE-RN) criticou a presença na Casa do ex-ministro José Dirceu, que foi chefe da Casa Civil no primeiro governo Lula (2003/2006): “Acredito que essa tribuna não deveria ter sido ocupada por uma pessoa que foi condenada quatro vezes por corrupção neste país, e não foi descondenada. Isso, querendo ou não, causa uma repercussão na sociedade”.
O senador Styvenson Valentim referia-se a participação de José Dirceu na sessão especial em celebração à democracia brasileira, ocorrida no período da manhã da terça-feira (2), relembrando a data (2/abril/1964) em que o Congresso Nacional declarou vago o cargo de presidente do Brasil, até então ocupado por João Goulart, o Jango, deposto pela ditadura.
O evento marcou o retorno de Dirceu ao Congresso Nacional depois de quase 19 anos da cassação do mandato do petista pela Câmara dos Deputados durante o escândalo do Mensalão, em 2005.. “É um desabafo meu. Eu, que tanto luto… Uma das minhas principais causas é a transparência, o combate à corrupção. Mas eu vejo que a democracia é tão ampla que aceita isso”, lamentava Valentim.
Segundo Valentim, a opinião pública vai lidar agora a respeito desse assunto, “mas a democracia aqui foi exercida, com a ocupação dessa tribuna por uma pessoa que foi condenada pelo maior esquema de corrupção que este país já viu”.
Já o senador Rogério Marinho, líder da oposição na Casa, se pronunciou por meio das redes sociais sobre o fato. Para o parlamentar, “José Dirceu no Senado é um deboche à nação. É inaceitável o palanque ao chefe do Mensalão, um condenado por corrupção, alguém que fala abertamente sobre a desmedida ambição por poder de um partido que não tem projeto de país e despreza a democracia”.
Ainda de acordo com Rogério, o que o PT defende é “ditadura do proletariado, o aparelhamento da máquina pública e as mesmas políticas irresponsáveis que provocaram a maior crise econômica da nossa história”.
Outros senadores também se manifestaram, como o senador Eduardo Girão (NOVO-CE): “Para mim é um desrespeito ao povo brasileiro ter uma sessão do Senado Federal após os seus 200 anos, que foi na semana passada, e começar com o pé esquerdo, com todo o respeito à pessoa, mas o José Dirceu foi condenado quatro vezes no maior esquema de corrupção deste país, e é algo que mostra como os valores estão invertidos no nosso país”.
Para Girão, que discursava sobre a onda de criminalidade no país, “talvez não exista um crime cuja violência silenciosa cause tanto mal à população como a corrupção. Quando José Dirceu foi cassado, em 2005, no primeiro Governo Lula, o escândalo era o mensalão, e as cifras giravam em torno de mais de R$ 100 milhões desviados, roubados do povo brasileiro. Passados 15 anos, seu partido, o PT, foi protagonista do escândalo do petrolão, cujas cifras do desvio ultrapassam os R$30 bi – “b” de bola, “i” de índio -, R$30 bilhões!”
O senador Márcio Bittar (União/AC), disse que “qualquer senador tem o direito de convidá-lo. Está solto, livre das garras da Justiça, mas não posso deixar de fazer a minha observação. O líder do Governo, senador Randolfe Rodrigues (sem partido/AP), tem o direito de convidar o José Dirceu para uma sessão solene do Congresso Nacional, mas eu também tenho o direito de achar que é outra hipocrisia, porque se tem um sujeito que nunca lutou pela democracia foi o José Dirceu”.
Bittar disse que José Dirceu é o fundador do Foro de São Paulo, que “não prega chegar ao poder através da democracia, o que prega é a extensão do regime socialista comunista na América Latina, dito por eles mesmos”.
“Onde é que José Dirceu lutava pela democracia antes do regime militar? Ele lutava pela ditadura do proletariado. A ditadura do proletariado, para quem não sabe, é a ditadura comunista”, completou.