A Petrobras registrou lucro de R$ 23,7 bilhões no primeiro trimestre de 2024, queda de 38% em relação ao mesmo período do ano anterior. Pelo resultado, a empresa anunciou o pagamento de R$ 13,4 bilhões em dividendos a seus acionistas.
Foi um trimestre conturbado, tanto do ponto de vista operacional quanto político —a estatal passou parte do período com elevadas defasagens nos preços e sob ataque de ala do governo contrária a seu presidente, Jean Paul Prates.
Em comunicado distribuído nesta segunda-feira (13), a Petrobras diz que o desempenho no trimestre foi provocado por queda nas vendas e pelos menores preços dos combustíveis, apesar de alta de 2,4% no preço do petróleo na comparação com o mesmo trimestre de 2023.
As vendas de combustíveis da estatal caíram 2,6%, o que ajudou a reduzir em 15,4% a receita da empresa, para R$ 117,7 bilhões. O Ebitda, indicador que mede a geração de caixa de uma empresa, recuou 17,2%, para R$ 60 bilhões.
O mercado de gasolina foi afetado pela maior competitividade com o etanol, com queda de 6,8% nas vendas da estatal. As vendas de diesel caíram 3,4%, com aumento na mistura obrigatória de biodiesel a partir de março.
A competição mais acirrada com o etanol levou a empresa a evitar reajustes nos preços da gasolina durante o período, mesmo com a elevação das cotações internacionais. O produto passou praticamente todo o trimestre com elevadas defasagens nas refinarias da estatal.
Em média, a Petrobras vendeu sua cesta de combustíveis a R$ 476,14 por barril, 16,3% abaixo do praticado no mesmo período do ano anterior. A área de abastecimento da estatal teve lucro de R$ 3,8 bilhões, queda de 38% em relação aos três primeiros meses de 2023.
A área de exploração e produção teve queda de 8,7% no lucro, para R$ 28,9 bilhões, beneficiada pela elevação das cotações internacionais do petróleo. No trimestre, a Petrobras produziu uma média de 2,7 milhões de barris de petróleo e gás, alta de 3,7% sobre o mesmo período do ano anterior.
No front político, a empresa viveu um período turbulento após a retenção dos dividendos extraordinários sobre o lucro de 2024 (depois revista), que derrubou seu valor de mercado e quase culminou na demissão de seu presidente, Jean Paul Prates.
Analistas apontam a crise política como outro fator que dificultou repasses aos preços internos. A gestão Prates passou semanas sob ataque de alas do governo após a retenção dos dividendos, decisão tomada em Brasília contra a vontade da direção da estatal.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu recuar e aprovou o pagamento de 50% dos dividendos extraordinários, como havia sugerido a empresa inicialmente, e Prates ganhou sobrevida no cargo. As ações da empresa reagiram e recuperaram as perdas durante a crise.
Nesta segunda, a companhia afirmou que a proposta de distribuição de R$ 13,4 bilhões sobre o resultado do primeiro trimestre está alinhada à sua política de remuneração dos acionistas. “Esta aprovação é compatível com a sustentabilidade financeira da companhia”, completa.
Com informações da Folha de São Paulo