A
máfia siciliana Cosa Nostra, uma das organizações criminosas mais famosas do
mundo e que inspirou a trilogia Poderoso Chefão, investiu pelo menos R$ 300
milhões em mais de 20 propriedades, como terrenos, mansões e imóveis comerciais
no Rio Grande do Norte. É o que aponta o inquérito instaurado há cerca de dois
anos contra o grupo criminoso, que foi alvo de uma operação da Polícia Federal,
com apoio da Guardia di Finanza de Palermo (Itália), nesta terça-feira (13). Um
mafioso italiano foi preso em Natal.
Os
números estimados pelo PF ainda são menores do que o apontado pelas autoridades
italianas. A estimativa da Procuradoria de Palermo é que o valor total dos
ativos investidos no estado podem superar os 500 milhões de euros – mais de R$
3 bilhões em valores atuais.
Batizada Arancia, a operação vasculhou endereços em três Estados para
apurar o esquema de lavagem de dinheiro que usou empresas fantasma e laranjas
para se infiltrar no mercado imobiliário e financeiro brasileiro.
Em paralelo às diligências realizadas no Brasil, a Direção Distrital
Antimáfia de Palermo coordenou 21 buscas na Itália e na Suíça. Durante tais
diligências, os investigadores encontraram uma sala secreta, escondida atrás de
um guarda-roupa. No vídeo, é possível ver que o local guardava documentos e
quadros.
No País, os endereços vasculhados estão situados no Rio Grande do Norte,
Rio Grande do Sul e Piauí. A ofensiva apura possíveis crimes de associação
mafiosa, extorsão, lavagem de dinheiro e transferência fraudulenta de valores,
“com agravante de apoio a famílias mafiosas notórias”.
Segundo a PF, as investigações que culminaram na Arancia começaram em
2022. A organização criminosa suspeita de lavar dinheiro para máfia italiana no
Rio Grande do Norte atuaria há quase uma década, indicam os investigadores.
De acordo com o inquérito, a máfia italiana utilizou empresas fantasmas e laranjas para ocultar fundos ilícitos.
Tribuna do Norte