Neste domingo (8), as equipes brasileiras que disputaram os Jogos
Paralímpicos de Paris 2024 confirmaram o que desde o dia anterior já se
desenhava: o Brasil consolida a quinta posição entres os países participantes,
registra sua melhor campanha em todos os tempos e se consolida de vez como
potência internacional no esporte paralímpico.
Essa história é feita de muitos heróis e muitas heroínas, de trajetórias
de vida inspiradoras, de trabalho em equipe e, também, de planejamento e apoio
público. A delegação verde-amarela teve o suporte de programas como o Bolsa
Atleta.
No último dia de competições, novas estrelas. Até sábado, o Brasil
disputava com a Itália quem ficaria em quinto lugar na classificação geral.
Duas novas medalhas de ouro, uma na canoagem e outra no atletismo, além de uma
prata também na canoagem, selaram o quinto lugar na classificação geral. A
melhor campanha, antes de Paris, tinha sido conquistada em Tóquio 2021, com 22
medalhas de ouro e um total de 72 pódios, fechando na sétima posição.
O sul-mato-grossense Fernando Rufino, 39, e a carioca Tayana Medeiros,
31, brilharam este domingo e conquistaram medalhas de ouro. O canoísta venceu a
prova dos 200m, na classe VL2 (usa tronco e braços na remada), em prova com
dobradinha brasileira – a prata ficou com o paranaense Igor Tofalini, 41.
Fernando completou a prova em 50s47, melhor tempo na história dos Jogos,
conquistando o bicampeonato paralímpico – ele foi ouro na mesma prova em Tóquio
2020. Tofalini fez 51s78 e ficou com o segundo lugar, em chegada emocionante
contra o estadunidense Blake Haxton, que ficou com o bronze, completando o
pódio, com o tempo de 51s81.
Fernando e Igor dominaram a prova da canoa individual 200m desde Tóquio
2020. Nos últimos três Mundiais, fizeram a dobradinha. Em Halifax 2022, Igor
foi ouro e Fernando ficou com a prata. Em Duisburg 2023, e em Szeged 2024, as
posições se inverteram, com o sul-mato-grossense ficando com o título, e o
paranaense com o vice.
Fernando e Igor eram peões de rodeio. O sul-mato-grossense foi
atropelado por um ônibus e perdeu parcialmente o movimento das pernas; depois,
começou na canoagem.
O paranaense caiu de um touro e levou um pisão do animal nas costas,
ficando paraplégico. Depois, ele conheceu a canoagem.
Halterofilismo
A carioca Tayana Medeiros conquistou a medalha de ouro na categoria até
86kg do halterofilismo nos Jogos Paralímpicos de Paris. Ela levantou 156kg,
bateu o recorde paralímpico e ganhou sua primeira medalha no megaevento. O
halterofilismo é uma das modalidades que fecha o programa desta edição dos
Jogos neste domingo.
Tayana tinha como melhor levantamento 147kg nas três primeiras
tentativas. Mas na quarta tentativa conseguiu levantar 156kg e ultrapassar a
chinesa Feifei Zheng, que havia levantado 155kg e ficou com a prata. O bronze
ficou com a chilena Marion Alejandra Serrano, com a marca de 134kg.
A atleta teve ótimos resultados recentes. Ganhou o ouro nos Jogos
Parapan-Americanos de Santiago 2023; a prata na equipe feminina no Mundial de
Dubai 2023; a prata na Copa do Mundo de Dubai 2022, e outra prata por equipes
mistas na etapa de Tbilisi da Copa do Mundo 2021.
Tayana é nascida e criada no Morro da Fé, uma das favelas do Complexo da
Penha, no Rio. Ela nasceu com uma doença chamada artrogripose, que comprometeu
o movimento de suas pernas. Conheceu o halterofilismo depois de um evento da
modalidade antes dos Jogos Paralímpicos Rio 2016 e se apaixonou pelo esporte.
Essa foi a quarta medalha do Brasil no halterofilismo em Paris 2024.
Mariana D’Andrea foi ouro na categoria até 73kg, Lara Lima bronze na categoria
até 41kg, e Maria Fátima de Castro bronze na categoria até 67kg.
Maratona
O Brasil terminou sua participação no atletismo nos Jogos Paralímpicos
de Paris 2024, neste domingo, com a presença de três maratonistas no coração da
capital francesa.
Duas brasileiras participaram da maratona classe T54 (cadeirantes). A
paranaense Aline Rocha terminou na oitava posição (1h53min54), enquanto a
paulista Vanessa Cristina ficou na 10ª colocação (1h56min33).
A baiana Edneusa Santos também cruzou a linha de chegada na Esplanada
dos Inválidos. Pela classe T12 (deficiência visual), a atleta e seu guia
Alessandro de Souza terminaram a prova em 3h17min40s. Como duas adversárias
foram desclassificadas, Edneusa ficou na quinta colocação.
Confira os resultados dos brasileiros neste domingo:
Atletismo – Local: Les Invalides (chegada)
3h15 – Vanessa Cristina e Aline Rocha – maratona (T54) – Aline em 8º e Vanessa
em 10º
3h30 – Edneusa Santos – maratona (T12) – 5º lugar
Canoagem (semifinais e finais) – Local: Vaires-sur-Marne
5h – Adriana Azevedo – 200m caiaque – KL1 – não se classificou para a final
5h42 – Aline Oliveira e Mari Santilli – 200m caiaque – KL3 – Mari 3ª na final B
6h49 – Fernando Rufino e Igor Tofalini – 200m canoa – VL2 – Fernando (ouro) e
Igor (prata)
Halterofilismo – Local: Paris Expo Porte de Versailles
4h – Mateus Assis – categoria até 107kg – 5º colocado
5h35 – Tayana Medeiros – categoria até 86kg – prata
15h30 (de Brasília) – Cerimônia de encerramento – Stade de France